No dia 31 de dezembro de 2018, foi inaugurado em Gaza, cidade palestina localizada na Faixa de Gaza, o primeiro espaço público cujo planejamento foi realizado usando o jogo Minecraft. Desde então, novos projetos começaram em diversas cidades do mundo.
Formada pela colaboração entre a U.N Habitat, Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, a Microsoft e a Mojang, criadora do jogo Minecraft, a fundação Block By Block tem como objetivo melhorar áreas marginalizadas, engajando ativamente os membros da comunidade a criarem projetos públicos usando como ferramenta base o jogo Minecraft.
Conforme explicado no site oficial da iniciativa, o “Minecraft é fácil de usar, e pessoas de todas as idades, históricos e níveis de educação podem aprender facilmente a utilizá-lo, sendo uma maneira surpreendentemente efetiva e barata de visualizar espaços em três dimensões, em um formato desenhado para rápida interação e compartilhamento de ideias. O Minecraft ajuda moradores do bairro a modelar seus arredores, visualizar as possibilidades, expressar ideias, elaborar consensos e acelerar o progresso.”
Áreas marginalizadas e sem opções de lazer são escolhidas para o projeto. Região de Beit Lahia, com grande potencial de transformação. Créditos: UN-Habitat/Reprodução
Novo parque comunitário de Az-Zawayda
Os participantes do experimento em Gaza foram selecionados através da Associação para Proteção de Mulheres e Crianças (AISHA), uma organização independente e parceira do projeto, que trabalha para conseguir integração de gênero em Gaza. De acordo com a ONU, mais de 17 mil pessoas participaram do Block By Block em mais de 100 países, incluindo os três projetos em Gaza.
As áreas selecionadas na cidade foram Al-Shoka, Beit Lahia, and Al-Zawayada, três locais marginalizados na Faixa de Gaza caracterizados pela falta de serviços públicos e áreas verdes abertas. Cada espaço recebeu um workshop organizado para receber opiniões dos residentes próximos e gerar propostas de design para os arquitetos.
Nas entrevistas para a organização jornalística sem fins lucrativos Rest of Word, ficou claro a influência positiva e a transformação que a iniciativa teve na vida dos jovens. Somia Hamdan, uma das participantes do grupo responsável por projetar e construir um jardim comunitário para Az-Zawayada afirmou que a maioria deles nunca havia jogado um videogame antes, mas que a experiência foi surpreendentemente intuitiva.
Jovens palestinas recebem orientações sobre o uso do Minecraft. Muitos da região nunca haviam jogado um videogame na vida. Créditos: UN-Habitat/Reprodução
No segundo dia, os jovens começaram a ficar competitivos, com a intenção de impressionar seus colegas de trabalho, os adultos responsáveis e seus familiares. Depois de muitas ideias, o grupo concluiu que as medidas de segurança eram a prioridade do projeto. Cercas, iluminação, áreas separadas para mulheres e familiares e até um guarda.
Três arquitetas palestinas tornaram o parque realidade. Tasneem Omar, uma delas, desenhou um esquema baseado no trabalho do grupo e entregou a empreiteiras selecionadas. Quase tudo que os participantes projetaram foi usado.
Na inauguração do jardim comunitário, representantes de organizações civis da Faixa de Gaza, ONGs locais e internacionais, universidades locais e os participantes do workshop marcaram presença. “Foi uma sensação incrível. Eu dei um discurso, algo que eu não teria confiança de fazer antes”, disse Hamdam.
Desde então, novos projetos ao redor do mundo foram realizados: Kosovo, Nepal, Líbano, Brasil, Moçambique, África do Sul, Etiópia, Viatnã, Bangladesh, Indonésia e vários outros.
Fonte: Rest of Word