Microsoft para a instalação automática do Office Web em PCs com o Edge

Apps foram instalados sem consentimento, prática que foi duramente criticada pelos usuários e pela imprensa
Rafael Rigues20/10/2020 13h56

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Após muita indignação dos usuários, a Microsoft afirma ter cessado a prática de instalar automaticamente o Office Web em PCs com a versão mais recente do navegador Edge. Os aplicativos começaram a aparecer nos computadores dos usuários, sem terem sido solicitados ou autorizados, a partir da última quarta-feira (14).

Os aplicativos são PWAs (Progressive Web Apps), as mesmas versões web que podem ser acessadas no site do Office 365. Eles podem ser instalados no computador para que rodem em uma janela separada do navegador e ofereçam uma experiência de uso mais similar à de um app tradicional, mas ainda rodam “na nuvem” e precisam de uma conexão à internet para funcionar. Para usá-los, é necessária uma conta Microsoft, que pode ser criada gratuitamente.

Inicialmente, acreditava-se que a instalação era um teste limitado aos Windows Insiders, usuários que ajudam a Microsoft a testar novos recursos do Windows antes de seu lançamento ao público. Entretanto, os apps foram encontrados em PCs rodando a versão corrente do sistema (2004), inclusive em computadores da equipe de redação do Olhar Digital.

Segundo o The Verge, a empresa afirma que tudo não passou de um bug. O objetivo era transformar quaisquer links para sites fixados ao Menu Iniciar em blocos dinâmicos mais visíveis. Mas o bug transformou links já existentes para o Office Web, que segundo a Microsoft vem sendo adicionados ao menu iniciar desde 2019, em PWAs. Isso é algo que pode ser feito dentro do Edge (usando a opção Apps / Instalar este site como aplicativo), mas que não deveria acontecer por conta própria.

O “X” da questão

O ponto-chave da questão é que a Microsoft parecia estar se aproveitando de sua liderança entre os sistemas operacionais para PCs, com mais de 77% do mercado em setembro deste ano, para promover seus outros produtos, algo que a concorrência não tem acesso e pode ser considerado uma prática anticompetitiva. Afinal de contas, se o usuário “já tem” o Word, para quê procurar uma alternativa como o Google Docs ou LibreOffice?

É a mesma prática que levou a empresa a ser investigada por práticas monopolistas pelo governo dos EUA na década de 90, quando distribuía o Internet Explorer como parte do sistema operacional, prejudicando concorrentes como o Netscape Navigator.

Fonte: The Verge

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital