Hipertensão e diabetes podem afetar funções cognitivas, diz estudo

Mudanças no cérebro podem ser detectadas já na meia-idade; neurologistas analisaram imagens de ressonância magnética do cérebro de mais de 22 mil voluntários do Reino Unido
Davi Medeiros08/09/2020 15h21, atualizada em 08/09/2020 16h16

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Uma pesquisa conduzida por neurologistas da Universidade de Oxford revelou que pacientes com hipertensão e diabetes tipo 2 podem ter suas capacidades cerebrais afetadas na meia-idade. O estudo foi publicado na segunda-feira (7) na revista Nature Communications.

A equipe descobriu que essas doenças causam prejuízos à velocidade do pensamento e à memória, após analisar imagens de ressonância magnética do cérebro de mais de 22 mil voluntários do UK Biobank, banco de dados que compila informações genéticas da população do Reino Unido.

A neurologista Michele Veldsman, coautora do estudo, explicou ao site Science Alert que, à medida que a pressão arterial aumenta, a velocidade das funções cognitivas diminui – isto é, o paciente passa a ter dificuldades relacionadas à aprendizagem, memória, raciocínio, entre outros. O mesmo acontece com a diabetes tipo 2, o que faz com que ambas as doenças figurem no grupo de fatores de risco chamados cerebrovasculares.

Ela explica que a comunidade médica já conhecia os impactos dessas condições de saúde à atividade cerebral, e que elas são comumente associadas ao risco de pessoas idosas desenvolverem quadros de demência.

O fator inédito da pesquisa é que ela analisou um grupo mais jovem de pacientes. Ao comparar as ressonâncias magnéticas com dados clínicos, os cientistas encontraram relações entre as doenças e o baixo desempenho cognitivo em pacientes a partir de 44 anos.

Reprodução

Funções cognitivas diminuem à medida que a pressão arterial aumenta, afirma neurologista. Imagem: Kurhan/Shutterstock

Eles enfatizam, contudo, que a perda mental nessa idade é muito pequena e, diferente do que ocorre na demência, mal pode ser notada no cotidiano. Ainda assim, o fato de essas mudanças serem detectáveis já é o suficiente para afirmar que o cérebro dos participantes está mudando.

Veldsman alerta que a tendência é que essas alterações se agravem com o passar dos anos. Ela afirma que, embora os danos na meia-idade sejam sutis, é importante preveni-los o mais rápido possível para evitar um declínio maior.

Diabetes e hipertensão entre os brasileiros

De acordo com dados citados pelo Ministério da Saúde, pelo menos 24,7% da população das capitais brasileiras é diagnosticada com hipertensão. Na faixa etária de 55 a 64 anos, próxima à que foi estudada em Oxford, a estatística é maior, de 49,5%.

Quanto ao diabetes, a Pesquisa Nacional de Saúde de 2018, conduzida pela pasta da Saúde em parceria com o IBGE, apontou que 9 milhões de brasileiros têm a doença, número que corresponde a 6% da população.

Segundo os pesquisadores, monitorar e tratar até mesmo as manifestações mais modestas dessas condições pode fazer diferença na estrutura do cérebro e na velocidade do pensamento. “Isso já é importante na meia-idade, mas também oferece potencial para reduzir os riscos de desenvolver demência mais tarde na vida”, completam.

Via: Science Alert

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital