Sequenciamento de DNA: ele pode mudar sua vida

Roseli Andrion03/09/2020 23h56, atualizada em 05/09/2020 22h00

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“A” com “T”; “C” com “G”…provavelmente você deve se lembrar o significado dessa combinação lá da época da escola. A sequência genética, representada por uma série de letrinhas, mostra a estrutura do nosso DNA; moléculas que guardam características genéticas únicas de cada ser vivo. A decodificação dessa sequência é feita há mais de 30 anos, mas de um tempo para cá, graças à evolução tecnológica, vem se tornando cada vez mais popular, acessível…e incrivelmente rápida.

Uma das aplicações mais comuns do sequenciamento do DNA é identificar o risco de desenvolver doenças genéticas graves, como o câncer. Exemplo notório é o da atriz Angelina Jolie. Depois de realizar seu mapeamento genético e identificar uma probabilidade de 90% de desenvolver a doença, a atriz optou por retirar os seios para prevenir o câncer de mama. Hoje, além de melhorar a precisão do diagnóstico de doenças graves, o sequenciamento do DNA também permite criar planos de prevenção mais assertivos e até personalizar o tratamento de cada paciente.

O que surpreende atualmente é que o que antes era restrito à medicina e grandes laboratórios está sendo transformado em mera diversão graças à evolução tecnológica dos equipamentos sequenciadores de DNA – há 10 anos surgiu uma nova geração dessas máquinas que, desde então, não para de evoluir. Nos Estados Unidos, algumas startups já oferecem esse lado recreacional do mapeamento genético com resultados direto ao usuário, sem a necessidade de qualquer intervenção médica. Pagou, levou!

Por 99 dólares – algo em torno de 370 reais – lá na terra do Trump, com uma simples amostra de saliva enviada pelo correio, sem sequer sair de casa, qualquer um já pode fazer a análise do seu DNA. O resultado do teste, além de indicar a predisposição genética para algumas doenças, traz uma série de informações ancestrais do cliente. Dá até pra saber seu nível de ligação com o extinto homem de Neandertal, que surgiu na Terra há cerca de 400 mil anos…

O Brasil não está longe dessa “diversão” genética. Neste laboratório, por exemplo, mais de um terabyte de dados são processados por mês com dados de análises genéticas. A tecnologia para qualquer tipo de aplicação – médica ou recreativa – já está disponível por aqui; inclusive com processamento de amostras com o auxílio de robôs e extração totalmente automatizada de DNA. Um exemplo de teste direto ao consumidor já feito no país é a “nutrigenômica”, no qual as pessoas checam seu DNA para descobrir que tipo de dieta ou alimentação funciona melhor para cada uma. Na mesma avaliação, dá até para descobrir também qual é a atividade física mais indicada para aquele indivíduo.

O sequenciamento completo do genoma humano já chegou a custar mais de 100 mil dólares nos Estados Unidos. Hoje em dia é possível fazer a mesma coisa com mil dólares. Com escala, mais tecnologia e popularização do método, a expectativa é que o acesso às nossas informações genéticas se tornem cada vez mais acessíveis. Mais do que descobrir seus antepassados, a maior esperança é a de uma medicina mais personalizada e, consequentemente, mais efetiva – uma nova revolução na saúde puxada pela tecnologia.

Em um futuro próximo, além das suas características como tipo sanguíneo, alergias, etc. suas informações genéticas também vão ser mais uma informação no seu prontuário médico. E quando esse dia chegar e esses dados se tornarem mais comuns à população em geral, a medicina promete ser ainda mais surpreendente; inclusive com a possibilidade de simplesmente sumir com algumas doenças bastante comuns da humanidade…

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital