O ano mal começou e a Xiaomi já nos fez repensar, pelo menos, cinco vezes a funcionalidade de um smartphone. Você quer suporte para a rede de Internet 5G? Quer um smartphone com uma câmera de 48MP? Quer um topo de linha honesto? Quer um celular para acessar seus apps favoritos e a Internet por 310 reais? Para que serve o seu smartphone? Com o Redmi Go, a fabricante chinesa mostra que o mais importante é o que um celular proporciona e não o que é.
Com R$310,00, pessoas na Índia, na China e na Europa podem se conectar com o mundo, enviar mensagens via WhatsApp, assistir a vídeos pelo YouTube e Netflix, se informar e capturar momentos da própria vida. O Redmi Go pode não ser um celular para mim ou para você, mas com certeza muitas pessoas no Brasil seriam merecem tê-lo.
Em março, tive a chance de utilizar o smart baratinho da Xiaomi, em uma Mi Store, na Espanha, e, para minha surpresa, revi vários dos meus conceitos sobre o que realmente é um smartphone.
Redmi Go: design e qualidade de construção
O Redmi Go é um smartphone bem comum, de plástico, e não tem a parte frontal otimizada para a tela. No entanto, a qualidade HD do display é bastante satisfatória e o aparelho possui uma boa pegada. O fato da tela ter apenas 5 polegadas também ajuda no manuseio do celular com uma mão.
A Xiaomi traz uma entrada P2 para os fones de ouvido e um USB 2.0. O alto-falante está na parte de baixo e temos dois microfones para captar o som. Os botões de navegação são capacitivos, ficam na parte de baixo e têm o design clássico da Xiaomi.
Bastante funcional, o Redmi Go vem com duas bandejas para cartão SIM, nano, e micro SD até 128GB. E o acabamento do aparelho não deixa a desejar, mas é claro, é um dispositivo barato. A Xiaomi fez uma boa opção quando escolheu colocar um plástico fosco na traseira, pois dá a sensação de que o dispositivo, apesar do baixo custo, não tenha uma aparência barata.
Redmi Go: performance
Durante um teste de hands-on, dá para ter apenas uma noção de como o aparelho funciona, porém, o fato de termos apenas 1GB de RAM, mesmo com software e aplicativos otimizados, exige mais paciência. A navegação entre as telas e animações do sistema é fluida, sinceramente, não notei grande atraso que me chamasse a atenção.
Porém, é notável que a experiência de lançamento dos aplicativos, em especial navegador e YouTube, é mais lenta. No dia a dia, utilizo o Google Pixel 3, então é razoável notar a diferença entre a performance de um dispositivo high end de um aparelho de entrada. Mas pessoas que não tenham tanta intimidade com smartphones, o segmento foco deste aparelho, podem nem sentir a diferença.
O Android Go Edition é um software bastante enxuto, feito para celulares de entrada e usa aplicativos adaptados para memória RAM de 1GB, logo, são mais leves. A versão atual do software é baseada no Android Oreo Go e até a Play Store foi ajustada para oferecer as versões lite dos aplicativos, como Facebook Lite, por exemplo. Por que isso é importante? Como disse, este dispositivo possui 8GB de armazenamento, logo, se os usuários instalassem as versões padrão dos apps, este espaço se esgotaria rapidamente.A ideia do Android Android Go é evitar que isso aconteça.
Outro ponto positivo do software é que o aparelho roda com a versão mais atual do sistema, que neste caso é a Oreo. As fabricantes fazem pouquíssimas mudanças ou quase nenhuma na interface do usuário e são obrigadas a seguir certas diretrizes do Google para usar o SO, como respeitar as atualizações e não adicionar bloatwares.
Por isso, o uso do Redmi Go é simples, sem muitas funções extras, mas leve e fácil de usar. A seu favor, o aparelho também tem a bateria de 3.000mAh que, combinada à tela de 5 polegadas HD e o software otimizado, pode entregar uma excelente autonomia. Claro, em um teste rápido não foi possível notar o consumo de energia, mas as características técnicas são um belo indicativo disso.
Redmi Go: câmeras
A qualidade das câmeras talvez seja o calcanhar de Aquiles deste smartphone da Xiaomi. A câmera não é boa. Este é um aparelho de entrada e custa o equivalente a 310 reais, é claro que a câmera não seria o ponto forte do dispositivo. Porém, podia ser um pouco melhor.
Ao lançar a câmera, tanto a traseira qanto a frontal, o processo é um pouco demora, e frequentemente a primeira imagem que é tirada ao abrir o app fica borrada. Para se fazer uma imagem nítida, é preciso estabilizar muito bem a mão e o objeto não pode estar em movimento.
A câmera frontal, de 5MP, talvez seja melhor do que a traseira, de 8MP. Fiz algumas imagens na loja, mas a iluminação do ambiente não ajudou muito. Acredito que a Xiaomi (ou o Google) deveriam enviar uma atualização do software da câmera para otimizar o processsamento da imagem. Mas como disse, este é um aparelho de entrada e as lentes da câmera e a tela são, frequentemente, o ponto de corte de custo.
Redmi Go: ficha técnica
Sistema Operacional: Android Oreo (Go Edition)
Vídeo: 1080p de resolução
Tela: 5 polegadas, com resolução de 1280 x 720 pixels, HD
Armazenamento Interno: 8GB
Armazenamento Externo: até 128GB
Memória RAM: 1GB
Câmera Traseira: 8MP (Autofocus; HDR; Abertura F/2.0; Modo Burst)
Câmera Frontal: 5MP (HDR; Abertura F/2.2
Conectividade: Bluetooth 4.1; Wi-Fi Direct; Wi-Fi 802.11 b/g/n; GPS; A-GPS; GLONASS; Beidou)
Bateria: 3.000 mAh (Li-Po)
Sensores: Acelerômetro; Proximidade; Luz Ambiente
Processador: Qualcomm Snapdragon 425, Quad Core, de 1.4 GHz
GPU: Adreno 308
Dimensões: 14,04 x 0,83 x 7,01 cm
Peso: 137g
A Xiaomi precisa trazer o Redmi Go ao Brasil
A Xiaomi possui uma recente parceria com a DL Eletrônicos, que revende os modelos Redmi Note 6 Pro e Pocophone F1 no varejo nacional, homologados pela Anatel. Porém, a fabricante ainda não comercializa de fato seus produtos por aqui. O Redmi Go pode ser encontrado na Europa, por exemplo, e vem tendo uma grande procura de acordo com o gerente da Mi Store de Barcelona.
O Brasil é o quarto maior mercado de smartphones do mundo e, com tantos modelos de celulares simples e smart feature phones disponíveis entre 300 e 500 reais, o Redmi Go seria uma joia rara.
O aparelho é honesto, entrega o que promete, apesar da qualidade da câmera ser questionável. Durante o MWC 2019, conversei com o vice-presidente de mobilidade da Positivo, Norberto Maraschin, que disse o mercado brasileiro de celulares simples com Internet terá mais 9,6 milhões de usuários até 2022. E que as pessoas parte deste público procuram aparelhos simples. Bom, se a Xiaomi trouxer o Redmi Go para o Brasil, as chances de sucesso são enormes, pois este é um aparelho barato, simples e com uma tela maior do que a de um smart feature phone.
Por fim, se você fizer uma pesquisa nas lojas online brasileiras, verá que muitos revendedores já estão oferecendo o modelo para a compra, o preço varia de 300 a 350 reais. Se você me perguntar se vale a pena investir este valor em um Redmi Go, eu diria que sim.