Um físico que foi demitido do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, abriu um processo contra o laboratório, alegando um suposto acobertamento que, segundo ele, poderia comprometer a capacidade dos Estados Unidos de prever o comportamento de armas nucleares.

Peter Williams, autor do processo, diz ter sido denunciado em retaliação depois de reclamar que seus superiores mexeram em seus modelos de explosões de armas nucleares, como informa a Science Magazine. De acordo com Williams, ao fazer isso, seus superiores tentavam alinhar os dados com os modelos, em vez de melhorar sua precisão. Com os modelos alterados, os EUA não saberiam como as armas nucleares reagiriam quando fossem detonadas.

Enquanto trabalhava em Livermore, um dos três laboratórios de armas nucleares do país, Williams modelou o comportamento de um explosivo chamado PBX 9502. Quando equipado com uma ogiva nuclear, o PBX 9502 dispara uma explosão de fissão nuclear que, por sua vez, desencadeia uma explosão de fusão nuclear ainda mais poderosa.

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Modelar o comportamento de bombas nucleares é importante para saber como reagir a elas. Imagem: Reprodução

É particularmente difícil modelar essa dinâmica, principalmente considerando que o PBX 9502 é relativamente lento. Além disso, os modelos precisam levar em conta como a explosão viaja pelo material. Isso acontece porque o PBX não explode quando é incendiado ou esmagado; em vez disso, suas reações químicas são mais lentas e progridem através do material. Portanto, os pesquisadores devem modelar a evolução da explosão, e não esperar que seja instantânea.

A acusação de Williams é de que seus supervisores ajustariam os parâmetros do teste após sua conclusão, para fazer com que os modelos pareçam mais precisos do que realmente são – e consequentemente tornando-os incapazes de fazer previsões significativas.

No entanto, o astrofísico Robert Rosner, membro do conselho de Livermore, disse à Science Magazine que os ajustes de modelagem desse tipo são comuns e uma parte esperada do processo para melhorar os modelos.

Ainda assim, Williams sente que tem o dever de continuar com sua denúncia. “Eu não poderia me olhar no espelho se não o fizesse”, disse o físico à Science Magazine.

Via: Futurism