As redes sociais estão maiores do que nunca: bilhões de pessoas estão conectadas através de plataformas como Facebook, Twitter, WhatsApp, Snapchat e Instagram, sendo que o último anunciou na semana passada que ultrapassou a marca de 600 milhões de usuários ativos mensais.
Apesar do crescimento contínuo, 2016 não foi um ano fácil para as redes sociais. Todas as cinco plataformas citadas passaram por momentos de polêmica que, caso se repitam, podem afetar a imagem das marcas e resultar na perda de usuários.
Censura
O Facebook é constantemente acusado de censura. Em setembro, a rede removeu uma mensagem publicada pelo escritor norueguês Tom Egeland. O texto mostrava fotos que mudaram a história da guerra e era ilustrado pela icônica fotografia de Nick Ut que mostra crianças fugindo de um ataque durante a guerra do Vietnã – incluindo uma criança nua de nove anos de idade. O Facebook foi duramente criticado por usuários, inclusive pela primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, que acusou a empresa de censura e de editar a história.
No mês seguinte, a plataforma retirou do ar um vídeo de uma campanha pela conscientização sobre o câncer de mama da Sociedade Sueca do Câncer, causando mais debates nas redes sociais e o início da campanha #MamiloLivre, inspirado no movimento Free The Nipple, com o qual usuários passaram a questionar as regras da empresa.
O Facebook parece ter aprendido a lição e anunciou que iria flexibilizar os seus termos de uso, permitindo a publicação de “mais itens que as pessoas consideram ter conteúdo noticioso, significativos ou importantes para o interesse público”, mesmo que violem os padrões da rede.
Outra plataforma que também tem problemas com censura é o Instagram – que também faz parte do ecossistema do Facebook. No início do ano, a plataforma suspendeu a conta da inglesa Sue Moseley após ela publicar a foto de um bolo que foi confundido com um mamilo. Ao verificar que foi um erro, a empresa se retratou e recuperou a conta da usuária.
Notícias falsas
O Facebook ainda enfrenta um outro problema: o aumento de notícias falsas. Muitos usuários compartilham links sem verificar a fonte, o que leva a uma propagação de informações falsas, algo que aconteceu durante as eleições presidenciais norte-americanas. A princípio, a empresa negou a responsabilidade pelo conteúdo compartilhado, mas voltou atrás e anunciou uma ferramenta de verificação que sinaliza os posts que não são confiáveis.
“Eu penso no Facebook como uma empresa de tecnologia, mas reconheço que temos uma responsabilidade maior do que apenas a de construir a tecnologia pela qual a informação trafega”, disse o CEO Mark Zuckerberg após pesquisas comprovarem a propagação de notícias falsas.
Racismo
Por conta da facilidade de anonimato nas redes sociais, o racismo e mensagens de ódio acabam se tornando comuns. Essa é uma questão que o Twitter acompanha de perto, desde 2015, quando Dick Costolo, então CEO do Twitter, reconheceu a falha da empresa em coibir o racismo em sua plataforma.
Apesar de ter adotado termos de uso mais rigorosos, a rede social ainda tem problemas. Milo Yiannopoulos, o editor do Breitbart, por exemplo, foi banido da rede após diversas publicações racistas contra a atriz Leslie Jones, de “Caça-Fantasmas”.
Além disso, o futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu um aviso de que sua conta pode ser bloqueada caso ele não se comporte na plataforma. A medida serve como alerta ao empresário que, durante sua campanha eleitoral, ofendeu mulheres, latinos e negros.
Até o Snapchat passou por casos de racismo. Em duas situações a plataforma precisou tirar do ar filtros que foram considerados racistas: no início do ano a rede lançou um filtro “blackface” para homenagear o cantor Bob Marley; alguns meses depois foi a vez do “yellowface”, um filtro que caricaturava os asiáticos.
Compartilhamento de dados
No final de agosto, o WhatsApp anunciou que passaria a compartilhar os dados de seus usuários com o Facebook, que poderia oferecer melhores sugestões de amigos e mostrar propagandas mais adequadas.
A mudança nas regras incomodou muitos usuários. Apesar de não ser capaz de ler mensagens particulares por conta da criptografia de ponta a ponta, tanto o WhatsApp quanto o Facebook sabem com quem os usuários conversam, qual foi a última vez que usaram o aplicativo, localização, entre outras informações.
Desde então, organizações de consumidores europeias têm entrado com processos contra o Facebook questionando a falta de opção dos usuários, uma vez que as empresas não oferecem uma forma de evitar que os dados sejam compartilhados.