Facebook atualiza termos de uso e passa a banir negacionismo nazista

Independente do formato, todo conteúdo que tentar veicular conspirações que neguem a veracidade do Holocausto da Segunda Guerra Mundial estão terminantemente proibidos na rede social
Equipe de Criação Olhar Digital12/10/2020 17h03

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Demorou, mas o Facebook enfim tomou uma medida mais definitiva contra conspiracionistas que usam a plataforma para veicular conteúdos de negacionismo ao Holocausto provocado pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. A partir desta segunda-feira (12), a empresa fundada por Mark Zuckerberg se valerá de uma atualização em sua política contra o discurso de ódio para proibir qualquer tipo de conteúdo que contradiga os registros históricos de um dos conflitos mais terríveis da humanidade.

A medida foi anunciada no blog oficial da rede social, em uma postagem assinada por Monica Bickert, vice-presidente de prática de conteúdo do Facebook, que afirma que a mudança veio após um crescimento em publicações antissemitas; termo usado para definir ataques a seguidores do Judaísmo. Tais pessoas foram uns dos principais alvos do regime nazista instituído na Alemanha por Adolf Hitler, o führer (“líder”, em alemão) do chamado “Terceiro Reich”.

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Conteúdos que propaguem o antissemitismo ou neguem o Holocausto nazista estão proibidos de serem publicados no Facebook. Imagem: Chip Somodevilla/Getty Images

“Nossa decisão é apoiada pelo amplamente documentado crescimento do antissemitismo global e o nível alarmante da ignorância sobre o Holocausto, especialmente no público jovem”, diz um trecho do anúncio feito pelo Facebook. “De acordo com uma pesquisa feita recentemente com adultos entre 18 e 39 anos de idade, quase um quarto deles diziam crer que o Holocausto foi um mito, ou que foi grandemente exagerado ou ainda que não tinham certeza”.

Bickert ainda ressalta que a nova medida vem logo após outra alteração feita pela empresa para proteger o povo judeu. Há alguns meses, o Facebook também passou a banir publicações e mídias que tentassem reforçar a conspiração de que representantes da fé judaica seriam parte de uma organização secreta que de alguma forma determina os rumos do mundo globalizado.

Esta também é uma noção conspiratória veiculada por negacionistas e que encontra ramificações no Brasil: o investidor internacional e filantropo húngaro-estadunidense George Soros é geralmente retratado como uma espécie de líder por trás de uma organização que financia atos de terrorismo ou manifestações políticas contra o público conservador. Soros, judeu, é um sobrevivente do Holocausto nazista, mas seu nome ocasionalmente é citado por negacionistas como um colaborador do regime de Hitler, o que já foi comprovado não ser verdade.

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O antissemitismo é praticado nas redes sociais por conspiracionistas que negam a existência ou a responsabilidade do Holocausto nazista, atacando o povo judeu. Foto: Christopher Penler/Shutterstock

A medida tomada pelo Facebook, informou Bickert, não é imediata, uma vez que os moderadores humanos e o algoritmo de inteligência artificial que monitoram o conteúdo publicado na rede social devem ser treinados para identificar e agir em cima de tais postagens. Assim como a empresa já faz com a Covid-19, por exemplo, buscas por “Holocausto” e termos adjacentes a ele levarão usuários a centros de informações oficiais gerenciados por terceiros.

Na última semana, o Facebook baniu várias páginas e perfis de usuários ligados ao QAnon, um veículo proeminente de teorias da conspiração, por propagar fake news e desinformação sobre vários assuntos – incluindo o nazismo – pela rede social. Também há alguns meses, diversas empresas anunciaram um boicote publicitário ao Facebook por permitir que tais conteúdos ganhassem tração dentro da plataforma.

Vale lembrar que, no passado, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, que é judeu, disse que não era possível para a empresa remover posts com conteúdo antissemitista, alegando que as pessoas que publicavam negações ao Holocausto, embora o ofendessem profundamente, não o estavam fazendo por mal.