Ex-engenheiro do Google é condenado a 18 meses de prisão por entregar segredos à Uber

Anthony Levandowski baixou 9,7 GB de dados antes de deixar a Alphabet; ele fundou uma nova empresa que foi adquirida pela Uber
Renato Santino07/08/2020 22h43

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A Alphabet, empresa-mãe do Google, venceu uma ação iniciada em 2017, em que acusava um ex-engenheiro de roubar segredos da Waymo, a divisão de carros autônomos, e fornecê-los para a Uber quando trocou de emprego. Anthony Levandowski agora terá que passar 18 meses em prisão após se autodeclarar culpado pelo crime.

Levandowski deixou o Google no começo de 2016 e fundou sua própria empresa, chamada Otto, voltada para a criação de caminhões autônomos. Posteriormente, no entanto, a companhia foi adquirida pela Uber por US$ 680 milhões. Quando a acusação de roubo veio à tona, ele foi demitido da Uber.

Acontece que, antes de deixar o Google, Levandowski utilizou um computador fornecido pela empresa para baixar 9,7 gigabytes de informações sobre os projetos da companhia, incluindo 14 mil documentos confidenciais e arquivos de design proprietários de sistemas como o Lidar e circuitos eletrônicos. Os dados foram transferidos para um HD externo e o computador foi formatado na sequência; segundo o Google, a ação foi feita para tentar encobrir os rastros forenses.

Pela ação, Levandowski respondia a 33 acusações por roubo de propriedade intelectual, mas no fim acabou assumindo a culpa por apenas uma delas, pela qual foi condenado à pena de 18 meses. No pior dos cenários, ele poderia ter recebido uma pena máxima de 10 anos pelo crime.

Os advogados pediram aos juízes alguma leniência porque, apesar das acusações de que documentos foram roubados, a defesa afirma que não há qualquer evidência de que as informações foram utilizadas para desenvolver os produtos da Otto e da Uber. Apesar disso, o ex-engenheiro também terá que pagar quase US$ 900 mil em multa e em reembolso para a Waymo. Não se sabe se ele será capaz de concretizar esse pagamento, já que ele pediu falência neste ano após uma ordem judicial para que ele devolvesse US$ 179 milhões à Alphabet, referente aos bônus recebidos na época em que trabalhou na divisão de carros autônomos.

A Uber também não saiu ilesa da ação, já que também teria sido beneficiada com o roubo de informações confidenciais. A companhia fechou um acordo com a Waymo que prevê o pagamento de US$ 245 milhões.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital