A empresa de caminhões autônomos Otto, que foi comprada pela Uber no mês passado por US$ 680 milhões, anunciou que pretende entrar no serviço de fretes de carga a partir do ano que vem. Segundo a Reuters, ela aumentou sua frota de 6 para 15 caminhões e já está fechando parcerias com caminhoneiros para viabilizar o negócio.
Em outra frente, a Uber também já está conversando com empresas de carga pra incluir seus caminhões autônomos em sua cadeia logística. A empresa tem a intenção de concorrer com outros serviços de transporte e com os corretores que negociam contratos entre empresas e frotas de caminhões.
Os caminhões da Otto, embora sejam capazes de dirigir sozinhos, exigem o acompanhamento de um caminhoneiro e de um engenheiro em todas as viagens por enquanto. A empresa, por outro lado, se beneficia dos serviços da Uber nas áreas de navegação, mapeamento das estradas e rastreamento dos veículos (e, consequentemente, de suas cargas). Um vídeo com a tecnologia da Otto pode ser visto abaixo:
Mercado de risco
Lior Ron, um dos co-fundadores da Otto (que já havia trabalhado no Google Maps) foi quem deu as notícias à Reuters. Segundo ele, “milhares” de caminhoneiros e empresas já entraram em contato com a empresa em busca de parcerias comerciais ou de tecnologia. Inicialmente, os planos da Otto eram de criar um sistema de navegação autônoma que pudesse ser acoplado a qualquer caminhão; com a aquisição pela Uber, contudo, a empresa elevou suas ambições.
Segundo o The Next Web, a indústria de caminhões movimenta cerca de US$ 700 bilhões por ano, e a Uber pretende se apropriar de uma fatia desse mercado. Essa missão, no entanto, pode se mostrar mais difícil do que a concorrência com táxis em serviços de transportes pessoais.
De acordo com Kevin Abbott, vice-presidente da empresa de logística C. H. Robinson, “a indústria de transportes é firmada em relacionamentos”, e “envolve muito mais fatores do que simplesmente encontrar uma peça de equipamento”.
Jack Atkins, analista de transporte do banco Stephens Inc. também não vê “isso como uma ameaça no curto prazo por causa da complexidade do negócio”. De acordo com ele, as empresas têm uma aversão maior ao risco na hora de escolher um transporte para seus produtos do que as pessoas na hora de escolher um transporte para si mesmas.
Boas chances
Ron, por outro lado, ainda se mostra otimista mesmo diante desse cenário. Isso porque o mercado de transportes ainda têm muitos serviços que se beneficiariam de uma solução de software semelhante à do Uber. “No Uber, você aperta um botão e seu carro chega em três minutos; para cargas… o padrão de ouro éque leva cinco horas de telefonemas para encontrar um caminhão para você”, diz.
Por enquanto, a empresa já está realizando testes movendo cargas em sua garagem. “Em breve”, porém, a Otto já deve começar a transportar bens para outras empresas. Inicialmente, os caminhões autônomos levarão cargas de qualquer tipo, com exceção de materiais perigosos (explosivos ou tóxicos).