Evolução artificial de bactérias pode explicar a origem da vida

Cientista detectaram que bactérias unicelulares quando exposta em grupo podem se organizar coletivamente
Redação18/02/2020 15h13, atualizada em 18/02/2020 15h50

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A ciência ainda encontra dificuldades para explicar, a partir da teoria da evolução, como organismos com origem em uma única célula obtém tanto sucesso em se desenvolver no corpo de seres vivos. É o caso, por exemplo, de células cancerígenas ou o vírus HIV.

Uma pesquisa publicada na revista científica Nature, no entanto, apresentou resultados que podem levar a comunidade científica a novas hipóteses sobre a evolução destes organismos e até mesmo sobre a origem da vida na Terra.

Um conjunto de pesquisadores do Instituto Max Planck, na Alemanha, da Universidade de Seattle, em Washington, e do Instituto de Estudos Avançados da Nova Zelândia, conduziram um experimento com uma bactéria definida como “free-living” – trata-se de organismos unicelulares que vivem isolados na natureza.

A bactéria utilizada na pesquisa se reproduz por um processo chamado “divisão binária”. Basicamente, elas se separam em duas metades idênticas. Isso significa que esses organismos são impossibilitados de evoluir, uma vez que não importam a circunstâncias essas duas metades permanecem exatamente iguais.

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É aí que entra a inovação da pesquisa. Os cientistas forçaram a convivência de grandes grupos de bactérias e constataram um comportamento evolutivo semelhante ao exibido em grupos de espécies multicelulares. Em outras palavras: ao forçar as bactérias “free-living” em conviver com outros pares, elas apresentaram comportamentos que beneficiam a sobrevivência coletiva em detrimento do “bem-estar” individual.

O resultado aponta que vírus e bactérias podem seguir esse modelo de evolução ao se espalharem de um ambiente para outro, priorizando essencialmente a proliferação da espécie sobre as células individuais. Isso poderia explicar porque patógenos provenientes de uma única célula, como o câncer, são tão bem-sucedidos em atacar o restante das células do corpo humano.

“Os grupos [de bactérias] apresentaram não só mais eficiência, mas também desenvolveram fatores que sustentam um programa evolutivo em um ciclo de vida multicelular. […] Nós produzimos uma ‘receita ecológica’ que, se seguida, resulta na participação desses organismos no processo de evolução por seleção natural.”, disse Paul Raney, líder do projeto, ao site Phys.Org.

Para Rainey, o experimento pode conduzir a uma “Darwin Machine”, ou Máquina de Darwin em tradução livre. Uma máquina de Darwin é um complexo no qual uma entidade “não-viva” – neste caso, um monte de células vivas agrupadas como uma comunidade que, por si só, não é um único organismo vivo – pode apresentar um resultado evolutivo com maior viabilidade de sobrevivência do que se estivesse isolado.

Basicamente, as bactérias nos grupos “evoluíram” para serem melhores em lidar com o meio ambiente do que as que continuavam vivendo por conta própria.

O cientista compara esse fato a um processo de reprodução de um organismo complexo: “Para patógenos, como o HIV, o hospedeiro humano é um meio de transmissão. [..] Quando a transmissão acontece o vírus vai experienciar condições seletivos uma vez que passa a ser parte de um organismo multicelular. Nossa teoria aponta que a população de vírus HIV poderia se decompor em células que executam diferentes funções”, afirma.

Embora os resultados obtidos pelos experimentos demandarem estudos ainda mais aprofundados, aponta o caminho para entender como no desenvolvimento da vida na Terra um grupo de células baseadas em proteínas se organizaram a ponto de se transformar em um organizamos vivo.

Fonte: The Next Web

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital