Montanha na Lua pode ajudar a explicar a vida na Terra

Cientistas buscam descobrir as condições ambientais no momento do surgimento da vida na Terra
Redação10/12/2019 14h00, atualizada em 10/12/2019 15h06

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A vida na Terra tem pelo menos 3,5 bilhões de anos, a julgar pelos fósseis mais antigos já encontrados. Mas como as seres vivos surgiram no planeta, o único lugar do vasto universo em que se sabe que existe vida, é um dos mistérios não resolvidos mais tentadores da ciência. Agora, uma montanha na Lua pode jogar uma luz sobre essa questão, segundo estudo publicado na JGR Planets.

Segundo os autores, uma missão robótica ou humana ao pico de uma montanha de 250 metros de altura, localizada perto de um “mar lunar” chamado Mare Crisium, poderia ajudar os cientistas a reconstruir detalhes importantes sobre os primeiros bilhões de anos da Terra. Há diversas evidências de que, tanto a Lua como a Terra, estavam sendo atacadas por corpos celestes nessa época. A bacia, que se estende por 555 quilômetros no hemisfério norte da Lua, foi criada por um impacto cataclísmico durante esse período.

Embora o planeta tenha sido atingido pelo mesmo fluxo, processos naturais como placas tectônicas ou a presença de oceanos remodelaram continuamente o mundo, eliminando partes significativas da memória geológica. Isso faz com que os cientistas tenham poucas pistas sobre a habitabilidade inicial da Terra. “O registro dessas crateras de impacto não está bem preservado” disse Dan Moriarty, membro do programa de Pós-Doutorado da Nasa no Goddard Space Flight Center.

Os pesquisadores têm uma ideia aproximada da idade desses impactos lunares, com base em como eles se desgastaram, mas não de forma precisa. A Mare Crisium parece ter sido formada no meio desse bombardeio, o que poderia ser um parâmetro útil para reconstruir a linha do tempo geral desse período. Esse processo seria vital para avaliar como era a habitabilidade da Terra.

“Com a Crisium, poderemos ter uma noção muito boa de quando a maior parte dos impactos estava acontecendo”, explicou Moriaty. Um período longo de bombardeio, com duração de dezenas de milhões de anos, inflamaria temporariamente o planeta, transformando-o em um mar de magma inóspito. Um bombardeio que durou centenas de milhões de anos ainda pode ser prejudicial, mas teria efeitos mais localizados. Além disso, os impactos podem ter algumas consequências benéficas para o surgimento da vida na Terra. Alguns corpos podem ter entregado ingredientes vitais, como aminoácidos ou água.

Portanto, obter uma idade exata para a Mare Crisium poderia levar a novas ideias sobre o que a Terra experimentou na sua “infância”. Porém, grande parte da rocha derretida desse impacto foi descoberta por fluxos vulcânicos subsequentes, fazendo com que os cientistas tenham que encontrar um local ideal onde a rocha ainda esteja exposta.

Reprodução

Moriarty e seus colegas vasculharam as imagens tiradas pelo Lunar Reconnaissance Orbiter da Nasa para procurar o melhor local. Eles identificaram um pico no centro da cratera Yerkes, localizada na região oeste da Mare Crisium, como o alvo mais promissor. Quando a cratera foi criada, ela arremessou rochas derretidas, que agora estão espalhadas ao longo do cume e das encostas da montanha central. “Se você pudesse pegar apenas uma pedra de Crisium para garantir o impacto do derretimento, seria da cratera Yerkes”, afirmou Moriarty.

Felizmente, o pico é “mais uma montanha dos Apalaches do que uma montanha rochosa”, acrescentou. Isso significa que as encostas são suaves e propícias à exploração de um veículo espacial robótico, ou até de astronautas.

Se os cientistas finalmente souberem a idade de Mare Crisium, isso poderá restringir “as condições ambientais de contorno no momento do surgimento da vida na Terra”, disse a equipe. Assim, embora a Terra tenha preservado fósseis que datam bilhões de anos, a Lua ainda mantém uma importante peça que falta no quebra-cabeça das origens da vida.

Via: Vice

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital