EUA usam mais de 500 apps para manter espionagem em massa, denuncia jornal

Empresa contratada tem ligações com militares, agências de inteligência e extrai dados de localização de mais de 500 aplicativos com centenas de milhões de usuários
Redação08/08/2020 18h56, atualizada em 10/08/2020 14h00

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Mais um controverso capítulo que tem como protagonista a suposta violação de privacidade e espionagem aos usuários de tecnologia. Segundo o jornal The Wall Street Journal, o governo norte-americano rastreia milhões de pessoas ao redor do mundo, utilizando um pequeno software incorporado a mais de 500 aplicativos.

A Anomaly Six LLC, uma pequena empresa norte-americana que possui relações com entidades de defesa e inteligência do governo norte-americano, teria incorporado a vários aplicativos de smartphones o seu próprio software, o que permitiu o rastreamento de atividades e o movimento de milhões de smartphones ao redor do mundo. Entrevistas e documentos cujas veracidades foram verificadas pela fonte, reforçam a autenticidade do conteúdo, além da riqueza de detalhes analisados.

Violação de privacidade como ferramenta de marketing

A promoção da imagem da Anomaly Six consiste em dar ênfase à capacidade de extrair dados de localização de mais de 500 aplicativos para smartphones, destacando assim o seu SDK (kit de desenvolvimento de software), afetando-os com a prática questionável.

A acusação contra a empresa se refere à relação direta com as entidades federais norte-americanas, já que fornece os dados de localização de dispositivos ao redor do planeta para clientes do setor privado e agências do governo. Por outro lado, a empresa também reforça que a venda de dados pessoais e da localização dos usuários norte-americanos é restrita para o setor privado, o que não reduz os questionamentos sobre as práticas da empresa e o envolvimento dos seus clientes.

Reprodução

Acordo entre governo dos EUA e empresa de software resulta em espionagem em massa, afirma WSJ. Foto: Reprodução

Também chama a atenção o fato de “diversas agências governamentais norte-americanas” considerarem a prática da Anomaly Six como “legal”, ou que não viola nenhuma lei de privacidade.

Entretanto, após as autoridades militares norte-americanas receberem os documentos sobre as atividades, o senador democrata Ron Wyden, afirmou que iniciou uma investigação sobre a possível prática de venda de dados de localização dos usuários norte-americanos.

Em teoria, os dados extraídos dos aplicativos que receberam o SDK da Anomaly Six são supostamente anônimos, e recebem identificadores alfanuméricos que não estão vinculados aos nomes dos usuários. Porém, os mesmos dados podem ser vinculados a qualquer pessoa com o passar do tempo: basta analisar hábitos de uso e rotinas diárias para realizar o cruzamento dos dados.

Vários profissionais de segurança foram consultados, e a regulamentação sobre a compra e venda de dados de localização nos Estados Unidos é bem débil, para não chamar de inexistente. Os aplicativos “gratuitos” são, na prática, pagos com os dados dos usuários que são coletados sem a ciência ou autorização.

Via: WSJ

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital