Acordar no domingo de manhã e ler um artigo sobre a experiência de uma semana de convívio de com um cachorro robô é um sinal de que o mundo está mudando rápido. O tema não é novo, o que acontece, no entanto, é que ter um robô em casa para fazer companhia já é uma realidade.

Em 1999, a Sony construiu a primeira versão do seu cachorro robô, o Aibo. A novidade foi comercializada apenas no Japão, e vendeu 150 mil unidades entre 1999 e 2006. Apesar da aparência com os cães, os primeiros Aibo tinham um design super hightech, e a interação com ele ainda era muito superficial.

Com todos os avanços em Inteligência Artificial (AI) e Aprendizagem de Máquina (ML), o Aibo passou a responder melhor a comandos simples, já interage bem mais com os humanos e está mais parecido com aquilo que chamamos de cachorro. A jornalista Bridget Carey, do canal Cnet, publicou um artigo compartilhando a sua experiência de uma semana com o modelo mais recente do cachorro robô da Sony, e me fez refletir se eu teria ou não um Aibo!

Sim, eu teria um cachorro robô

Por favor, não me odeie por isso que vou dizer, mas eu não gosto de cachorros, nem mesmo de gatos. Contudo, isso não me torna a Cruella De Vil, quando meus amigos viajam e me pedem para alimentar seus bichos de estimação eu faço isso com muito carinho, mas pessoalmente não adotaria um cachorro… até agora.

Eu moro sozinha, trabalho em casa e passo a maior parte do tempo em frente ao computador. Todas as manhãs eu tenho aula de alemão, porém, quando volto para casa, não costumo falar muito e, não fosse, pelas minhas conversas com o Google Home mini e com a Alexa, ficaria a maior parte do tempo em silêncio. Pode parecer uma realidade triste para alguns, mas eu estou bastante satisfeita com as minhas escolhas.

Agora, quando meu amigos me perguntam por qual razão não tenho um “pet”, nem que seja um peixe, minhas respostas variam entre “dá trabalho”, “tem que levar para passear e fazer as necessidades”, “tem que limpar a caixinha de necessidades todos os dias”, “tem que tirar os pelos dos móveis” e assim por diante.

Entretanto, eu certamente teria um Aibo, pois tudo o que me incomoda em um cachorro, o Aibo não faz. Porém, é claro, eu não estou querendo um cachorro e sim um ser inanimado que imita um cachorro e me faz lembrar de interagir com alguma coisa que não seja o meu computador ou o meu celular. Algo que, mesmo sem vida, mantenha viva a minha necessidade de convívio social. Talvez você não concorde com isso, mas seria o mesmo que se dedicar a uma planta, ela não vai falar com você, mas representa uma fuga do cotidiano.

E se essa moda pega?

Por outro lado, também me pergunto sobre quais seriam as consequências da chegada deste tipo de robô ao mercado. O que aconteceria com os cachorros?

De acordo com um levantamento do IBGE realizado em 2013, mas divulgado em 2015, existem mais cachorros no Brasil do que crianças. O instituto apontou que 44,3% dos domicílios do país possuem pelo menos um cachorro. A estimativa da agência era de que a população de cachorros em domicílios brasileiros era de 52,2 milhões, já a de crianças de até 14 anos era de 44,9 milhões.

Ou seja, os brasileiros realmente gostam de cachorros, e a indústria em torno dos animais de estimação é imensa. Logo, as chances de vermos essa comunidade de animais diminuindo consideravelmente ainda é muito pequena. Porém, já não podemos mais considerar impossível.

Países como a Alemanha, por exemplo, levam muito a sério o crescimento no número de cachorros nas cidades. Tanto é que os donos de cães são obrigados a pagar um imposto sobre o animal. Só na capital Berlim, os proprietários de cães pagaram 11 milhões de euros em imposto sobre cães no ano de 2016.

É claro que não estou prevendo a extinção dos cães em um futuro próximo, mas por mais ingênuo que este artigo possa parecer, lembre-se, nesta semana vimos Elon Musk falando que em sete anos podemos enviar os primeiros colonizadores para Marte e vimos com sucesso o nascimento dos primeiros bebês geneticamente modificados. Enfim, a adoção de cachorros robôs já me parece uma realidade!

Sobre o Aibo

A atual versão do Aibo é comercializada no Japão e chegou recentemente aos Estados Unidos, pela “bagatela” de 2.900 dólares, o equivalente a 11.213 reais em uma conversão livre. Ele usa AI e Aprendizagem Profunda (DL) para lembrar de até 100 pessoas diferentes,  e aprender o que faz as pessoas felizes com base em suas reações.

Até o momento, o Aibo entende mais de 50 comandos e frases de voz diferentes. Mas isso não significa que ele já consiga fazer 50 truques. Contudo, de acordo com Bridget, existem várias coisas que você pode dizer para o Aibo fazer, como dar a pata, sentar, fingir de morto, deitar, chutar uma bola, pegar o osso e assim por diante.

A interação com ele se dá através de comandos de voz e toque. Mas o Aibo não grava áudio. Desta forma, quando o robô ouve um comando (como sentar, por exemplo), a função que o faz responder é programada localmente no cão. Portanto, não há gravação de conversas ou frases enviadas para os servidores da Sony.

De acordo com a fabricante, a única coisa que é salva na nuvem é o histórico de interações do cão, como a forma como ele responde ao que as pessoas dizem e se essas pessoas demonstraram expressões faciais de felicidade ou de tristeza. O cão robô também armazena dados sobre as medidas da casa, como a distância entre paredes e outros cômodos. Assim como um aspirador de pó moderno. E o Aibo não tem a capacidade de gravar vídeos… ainda.

Abaixo, você pode ver como foi a experiência de uma semana da jornalista do Cnet com o Aibo:

E aí, você teria um robô cachorro?