Engenheiro queniano cria luvas que convertem língua de sinais em áudio

Ideia de comunicação surgiu após sobrinha nascer com deficiência auditiva. Agora, objetivo é colocar pelo menos dois pares de luvas em todas as escolas de necessidades especiais do Quênia
Redação01/10/2019 21h52

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O engenheiro de software queniano Roy Alella, 25, inventou luvas inteligentes que convertem os movimentos da língua de sinais em áudio. A ideia surgiu após o nascimento de sua sobrinha, que possui surdez congênita. Como ninguém em sua família tem conhecimentos em linguagem de sinais, o engenheiro criou a tecnologia para facilitar a comunicação com a criança.

“Eu estava tentando imaginar como seria a vida da minha sobrinha se ela tivesse as mesmas oportunidades que todos os outros em educação, emprego, e todos os aspectos da vida”, disse Roy ao jornal britânico The Guardian

O queniano trabalha na Intel e ensina ciência de dados na Universidade de Oxford. Devido à invenção, Roy foi um dos 16 indicados a um prêmio da Royal Academy of Engineering Africa, que oferece ao vencedor £ 25 mil, o equivalente a R$ 120 mil, e aos três finalistas £ 10 mil. Ele venceu o prêmio pioneiro de hardware da Sociedade Americana de Engenheiros Mecânicos (ASME) e está utilizando o dinheiro para obter previsões vocais mais precisas.

As luvas têm sensores flexíveis costurados em cada dedo, que “quantificam” as curvas dos dedos e processam os sinais. A Sign-IO, como é chamada, se conecta via Bluetooth a um aplicativo de celular, que Roy também desenvolveu, responsável por vocalizar as letras. Segundo o engenheiro, os usuários podem configurar a linguagem, o gênero e o tom da vocalização pelo aplicativo, e os resultados correspondem a 93% de precisão.

“Minha sobrinha usa as luvas, conecta ao celular dela ou ao meu, depois começa a fazer sinais. E eu entendo o que ela está dizendo. Como quase todos os usuários de língua de sinais, ela é muito boa em leitura de lábios, então ela não precisa que eu faça sinais de volta”, relatou o engenheiro.

As luvas foram testadas em uma escola para crianças com deficiência no condado rural de Migori, no Quênia. Roy personalizou as luvas com desenhos de princesas e de super-heróis para cada criança escolher a que melhor se adequasse ao gosto. Os testes na escola permitiram ao engenheiro aprimorar uma das questões mais importantes para a comunicação funcionar: velocidade.

“As pessoas falam em velocidades diferentes, e é assim também com as pessoas que usam a linguagem de sinais. Algumas são muito rápidas, outras são lentas; então integramos (essa variedade) na aplicação móvel, para que seja confortável para qualquer um utilizar”, explicou o profissional.

Roy disse que espera que sua tecnologia facilite a vida de todos aqueles que contam com deficiência auditiva. “O público no Quênia geralmente não entende a linguagem de sinais. Portanto, quando (um deficiente auditivo) sai, sempre precisa de um tradutor. Imagine a longo prazo essa dependência, o quanto isso atormenta ou prejudica o progresso deles na vida. Quando esse tipo de problema afeta você pessoalmente, você vê o que as pessoas passam. Por isso me esforcei para desenvolver este projeto”, afirmou.

O objetivo de Roy Alella é colocar pelo menos dois pares de luvas em todas as escolas de necessidades especiais do Quênia. Ele acredita que elas podem ser usadas para ajudar os 34 milhões de crianças em todo mundo que sofrem de deficiência auditiva incapacitante.

Via: The Guardian

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital