Quando o engenheiro de software Seth Vargo descobriu que uma empresa, que trabalhava com a Imigração dos EUA e a Alfândega (ICE), usava seu código-fonte aberto, ele o retirou do Github – plataforma de hospedagem de códigos-fonte. A empresa, a fabricante de software corporativo Chef, descobriu que, sem o código, seus negócios parariam.
Vargo chegou a trabalhar para a Chef, mas não sabia do contrato com a ICE até ser avisado por Shanley Kane no Twitter. O ICE, que foi formado em 2003 sob a presidência de George W. Bush, usa as soluções de TI da Chef.
O engenheiro então procurou os executivos da Chef para entender a lógica do contrato com o ICE, mas não obteve uma resposta imediata da empresa. “Tornou-se evidente que eles não tinham interesse em reconhecer sua parceria com o ICE”, escreveu Vargo em uma conversa com o site The Verge.
Por falta de respostas, Vargo decidiu retirar o projeto de código aberto do Github. Ele sabia que a empresa notaria, mas ficou surpreso ao descobrir que ela dependia tanto de seu código que começou a sofrer com períodos de inatividade significativos. Os engenheiros do Chef levaram cerca de uma hora e meia para colocar os sistemas em funcionamento novamente.
“Como engenheiros de software, temos que respeitar algum tipo de bússola moral”, escreveu Vargo. “Quando soube que meu código estava sendo usado para finalidades que pessoalmente considero más, me senti obrigado a impedir isso”.
Quando Vargo retirou seu código do site, os funcionários da Chef expressaram seu apoio. Essas ações fazem parte de um aumento no ativismo entre os funcionários de tecnologia que começaram a protestar contra as políticas de empresas com contratos governamentais que vão contra seu próprio código moral.
Em agosto, 1.500 funcionários do Google assinaram uma petição que solicitava à empresa que deixasse de trabalhar com o ICE e a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) depois que um contrato de proteção de fronteiras foi divulgado.
Em uma carta destinada aos seus funcionários, o CEO da Chef, Barry Crist, comentou sobre a repercussão do caso: “Não acredito que seja apropriado, prático ou dentro de nossa missão examinar projetos governamentais específicos com o objetivo de selecionar quais agências americanas devemos ou não fazer negócios. Meu objetivo é continuar fazendo a Chef crescer como uma empresa que transcende inúmeras administrações presidenciais dos EUA.”
Em um e-mail enviado ao The Verge, Crist acrescentou: “Até onde sabemos, nosso software não está sendo usado para facilitar a separação de famílias na fronteira”. A empresa informa que planeja continuar trabalhando com a ICE até que seu contrato termine em 2020.
Via: The Verge