No ano passado, o mundo viu o surgimento do interessante Essential Phone, o primeiro produto da Essential, startup fundada por Andy Rubin, criador do sistema operacional Android no Google. Um ano depois, no entanto, as coisas não poderiam parecer mais negativas para a empresa, com a notícia de uma demissão em massa que cortou 30% de sua força de trabalho.

As notícias já não vêm sendo boas para a Essential há algum tempo. Em maio já haviam começado a circular rumores de que a empresa não lançaria um Essential Phone 2 neste ano e já procurava compradores para assumir os negócios. Até o momento, não há informações sobre interessados na aquisição.

As demissões são mais uma notícia que colocam em xeque o futuro da Essential. De acordo com a Bloomberg, os cortes atingiram majoritariamente as divisões de hardware e vendas da companhia, que são dois dos setores mais fundamentais de uma empresa que… vende hardware.

A estimativa da consultoria IDC é de que a empresa de Andy Rubin tenha conseguido vender apenas 90 mil unidades do Essential Phone nos primeiros seis meses após o lançamento, o que é um número horrível para uma empresa que produz hardware e precisa lidar com altos custos de produção.

O fracasso, no entanto, não é surpresa. Lançado por US$ 700, o aparelho, de marca desconhecida do público, mirava roubar público do iPhone e do Galaxy S8, o que se provou inviável até o momento. A Essential tentou entrar em um mercado que está bastante amadurecido e dividido praticamente apenas por Apple e Samsung. Todas as outras marcas disputam migalhas, e a maioria toma prejuízo com sua divisão de smartphones.

Do ponto de vista da crítica, o celular teve uma recepção mista. As análises elogiavam a construção do aparelho, velocidade e a aposta no Android puro, mas criticavam preço e câmera. Ao que tudo indica, os consumidores se focaram nas últimas características, forçando a empresa a anunciar uma redução drástica no preço sugerido após três meses, que caiu de US$ 700 para US$ 500. A empresa ainda chegou a realizar um novo corte de preço para US$ 400 oferecendo ainda uma câmera 360° como acessório grátis durante a Black Friday, o que já deixava bem claro: o smartphone estava encalhado.

Agora é esperar para ver o que acontece com os próximos capítulos. Outra matéria recente da Bloomberg dizia que a empresa estava direcionando esforços para criar um celular baseado em inteligência artificial, que privilegiaria comandos de voz em vez de toques na tela e poderia agendar eventos ou responder mensagens e emails pelo usuário, mas não há qualquer menção de quando tal produto chegaria ao mercado. Diante das demissões, não seria surpresa se a ideia fosse totalmente cancelada.