O Movimento Web para Todos, em ação conjunta com a BigData Corp, avaliou qual seria a experiência de navegação na internet das pessoas com deficiência no país. Dos 14 milhões de sites brasileiros ativos, menos de 1% passou nos testes de acessibilidade. No caso de sites governamentais, esse percentual cai para 0,34%. A maioria dos endereços online do país, ou 93,79% deles, encontra-se em uma zona cinzenta: apresentou falha em alguns dos testes realizados, mas pontos positivos, em outros.

Foram realizados testes em vários elementos das páginas web para verificar algumas das barreiras de navegação que as pessoas com deficiência enfrentam. Por fim, foram contempladas questões técnicas, como problemas nos formulários, links, imagens apresentadas e nos frames, como vídeos do YouTube presentes em páginas. Entre as validações realizadas, foram adotadas as aplicadas pelo validador de markup (HTML) automático criado pelo World Wide Web Consortium (W3C), entidade referência de padrões a serem seguidos na internet. O estudo contou também com apoio do Centro de Estudos sobre Tecnologias Web do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, que tem entre suas funções a de disseminar conhecimento sobre acessibilidade na web.

“Esse resultado reflete o ciclo de invisibilidade de décadas de uma população estimada em 45 milhões de brasileiros, que possuem algum tipo de deficiência – e que não se sustenta mais. Essas pessoas querem e têm o direito – como qualquer outro cidadão – de se informar, se relacionar, se divertir e comprar online”, diz Simone Freire, idealizadora do Movimento Web para Todos. 

Ela acrescenta que, além da adequação jurídica, tornar seu site acessível é bom para os negócios as empresas, porque elas passam a ter contato com um público consumidor não impactado pelas suas marcas no mundo digital.

A BigData Corp utilizou um processo de captura de dados da internet, extraídos de visitas a mais de 24 milhões de sites brasileiros, dos quais são obtidos links e informações estruturadas. Os sites que não responderam a visitas por quatro semanas seguidas ou estavam fora do ar, foram desconsiderados, assim como os que não fizeram qualquer alteração de conteúdo por oito semanas seguidas. Assim, foram analisados cerca de 14 milhões de endereços.

Acessibilidade e tecnologia

“Existe um impacto direto da tecnologia sobre a acessibilidade. Pode parecer um grande desafio, principalmente porque os sites são muito visuais. No entanto, é preciso desmistificar a acessibilidade”, afirma Thoran Rodrigues, presidente e fundador da BigData Corp. Segundo ele, é preciso saber interpretar tecnicamente o motivo de 52,38% dos sites apresentarem problemas de formulários, ou 83,56% falhas nos links.

“Não é porque um site falhou em um teste específico que uma pessoa com deficiência não possa usá-lo, mas sua experiência será prejudicada”, pondera Rodrigues. Contudo, 5,6% dos sites ativos falharam em todos os testes aos quais foram submetidos. Para ele, dependendo do porte do site em questão, principalmente os mais complexos, o nível de esforço para atender aos requisitos pode indicar que é mais vantajoso construir outro site. O empresário informa que há disponível na internet inúmeras ferramentas que facilitam a construção de sites acessíveis.