Dezenas de revistas científicas ‘sumiram’ da internet, aponta estudo

Pesquisa acende alerta sobre o desafio de preservação de contribuições científicas registradas em revistas de acesso aberto
Redação16/09/2020 15h20, atualizada em 16/09/2020 15h56

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Ao menos 176 revistas científicas de acesso aberto desapareceram da internet entre os anos de 2000 e 2019, indica um novo estudo de pesquisadores da Finlândia e da Alemanha. A pesquisa, que foi divulgada no repositório de pré-publicações Arxiv, aponta que outros 900 títulos ‘inativos’ também estão em risco de sumir de plataformas digitais.

Para os autores, os resultados acendem um alerta sobre lacunas na preservação do conhecimento científico na era digital. O trabalho não analisa as razões pelas quais as revistas desaparecerem, nem a qualidade delas, mas aponta que mais da metade dos títulos estavam associados às ciências humanas. Também foram identificados periódicos sobre saúde, matemática e ciências naturais.

Os pesquisadores estudaram a presença dos títulos de acesso aberto no catálogo de plataformas de indexação bibliográficas, como o Directory of Open Access Journal (Diretório de Periódicos de Acesso Aberto, em tradução livre). Eles compararam a relação das revistas listadas durante os anos e identificaram as publicações que foram excluídas dos registros.

Reprodução

Recentemente, editoras dos Estados Unidos protocolaram um processo judicial contra a Internet Archive acusando a organização de praticar pirataria. Imagem: Reprodução

Em seguida, os cientistas procuraram por materiais de cada uma das revistas mapeadas na plataforma Archive.org. Controlado pela organização sem fins lucrativos Internet Archive, o site funciona como uma biblioteca digital que arquiva e preserva páginas web, das quais parte já não existe mais.

Em termos absolutos, o número de revistas científicas de acesso aberto desaparecidas representa uma pequena proporção. Os autores ressaltam, no entanto, o risco de quase mil periódicos serem excluídos nos próximos anos. Isso porque três quartos dos títulos que sumiram da internet foram removidos cinco anos após a última publicação.

Milhões de artigos não estão arquivados

Em entrevista à CNN norte-americana, o fundador do Internet Archive, Brewster Kahle, afirmou que o tempo de ‘vida’ média de uma página web na internet é de 100 dias, antes que o conteúdo seja alterado ou deletado. Ele diz que a questão afeta todos os tipos de produtos digitais, mas quando se trata de literatura acadêmica, ainda há desafios para arquivar as contribuições científicas.

Segundo Bahle, o Internet Archive promoveu uma iniciativa em 2018 para encontrar e arquivar todos os artigos científicos disponíveis online. Análises conduzidas pela ONG identificaram que 18%, ou cerca de 3 milhões, dos artigos de acesso aberto datados de 1945 e diante não estão arquivados. Para ele, a importância de guardar os registros da literatura científica vai além da preservação, uma vez que os trabalhos podem servir para pesquisas metacientíficas, ou seja, estudos sobre a própria produção da ciência.

Já o Directory of Open Access Journal destacou à CNN que os custos para implementar serviços de artigos digitais não impactam significativamente no orçamento de grandes editoras do mercado da literatura científica, porém, os preços podem ser proibitivos para pequenos negócios e revistas científicas de acesso aberto individuais.

Via: CNN 

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital