Departamento de Justiça americano acusa Assange de conspirar com Anonymous e LulzSec

Nova acusação não adiciona às demais que fundador do WikiLeaks já enfrenta no Reino Unido
Liliane Nakagawa25/06/2020 17h35

20200625101534-1920x1080

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Nesta quarta (25), o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) anunciou que está indiciando o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, por conspirar com hackers, incluindo aqueles afiliados aos coletivos LulzSec e Anonymous.

A atual acusação não adiciona às outras 18 – 17 das quais feitas pela administração Trump, de acordo com informações do The New York Times – que o jornalista já enfrenta sob a Lei de Espionagem americana, e a qual o coloca em risco de ser extraditado ao país norte-americano, mas “amplia o escopo da conspiração em torno de supostas invasões de computadores pelas quais Assange foi acusado anteriormente”, de acordo com o DOJ.

Abaixo, o release do Departamento de Justiça americano:

“Em 2010, Assange obteve acesso não autorizado a um sistema de computador do governo de um país da OTAN. Em 2012, Assange se comunicou diretamente com um líder do grupo hacker LulzSec (que até então estava cooperando com o FBI) e forneceu uma lista de metas para LulzSec para hackear. Com relação a um alvo, Assange pediu ao líder LulzSec para procurar (e fornecer ao WikiLeaks) e-mails e documentos, bancos de dados e pdfs.

Em outra comunicação, Assange disse ao líder do LulzSec que a liberação mais impactante de materiais invadidos seria da CIA, NSA ou New York Times. O WikiLeaks obteve e publicou emails de uma violação de dados cometida contra uma empresa de consultoria de inteligência americana por um hacker ‘Anonymous’ e afiliado à LulzSec. De acordo com esse hacker, Assange indiretamente pediu que ele enviasse spam novamente à empresa vítima”.

documento foi disponibilizado na íntegra (em inglês) pelo site Axios.

Em abril, o governo equatoriano entregou o fundador do WikiLeaks à polícia inglesa após retirar o asilo diplomático. Hoje, Assange se encontra detido na prisão de Belmarsh, sudoeste de Londres (Reino Unido), recinto comumente classificado por organizações de direitos humanos como “um Guantánamo em nosso próprio quintal”. Com a saúde debilitada e com pedido de liberdade (sob fiança) – em razão do surto de coronavírus – negado pela justiça britânica, o jornalista aguarda até setembro uma audiência que decidirá sobre o seu obscuro futuro.

Grandes veículos e ONGs criticam acusação de espionagem

  • New York Times: “Julian Assange, o líder do WikiLeaks, foi indiciado por 17 acusações por violar o Espionage Act por seu papel na obtenção e publicação de documentos militares e diplomáticos secretos em 2010, o Departamento de Justiça anunciou na quinta — um grande caso que traz à tona profundos problemas com a Primeira Emenda”.
  • The Guardian: “Ao levantar novas acusações contra o fundador do WikiLeaks, a administração Trump desafiou a primeira emenda”.
  • The Nation: “A Acusação de Julian Assange é uma Ameaça para a Liberdade de Imprensa”.
  • Huffington Post: “As acusações contra o fundador do WikiLeaks levantam muitos problemas com a Primeira Emenda”.
  • Edward Snowden: “O Departamento de Justiça acaba de declarar guerra — não contra o WikiLeaks, mas contra o próprio jornalismo. Não é mais sobre Julian Assange, esse caso vai decidir o futuro da mídia”.
  • ACLU: “Pela primeira vez na história de nosso país, o governo levantou acusações criminais no Espionage Act contra um editor pela publicação de informações verídicas. Esse é um ataque direto contra a Primeira Emenda”.


Liliane Nakagawa é editor(a) no Olhar Digital