Defensor da privacidade, Tim Cook não vê problema em acordo da Apple com Google

Daniel Junqueira19/11/2018 12h37, atualizada em 19/11/2018 15h30

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A Apple gosta de lembrar que é diferente de outras empresas do mundo da tecnologia: ela não tem um modelo de negócios baseado na coleta e venda de dados pessoais de usuários para fins de publicidade. Apesar disso, o Google é o mecanismo de busca padrão dos iPhones, em um acordo que rende bilhões para a Apple todos os anos. Por mais que muitos vejam uma contradição nisso, o CEO Tim Cook defende a parceria.

Em uma entrevista dada ao programa Axios, da HBO, Tim Cook foi questionado sobre o acordo. Para ter o Google como serviço de busca padrão nos iPhones, a Apple recebe entre US$ 3 e US$ 9 bilhões todos os anos, de acordo com estimativas de analistas. “Eu acho que o buscador deles é o melhor”, afirmou o executivo, que também reconheceu que o acordo com o Google “não é perfeito”.

O dinheiro pago pelo Google para a Apple vem principalmente da receita que a empresa ganha com os publicidade – ou seja, com a criação de um perfil do usuário para direcionar anúncios de acordo com os interesses dele, algo que a Apple diz com orgulho não fazer. O Google não é exatamente conhecido por proteger a privacidade de usuários – diferentemente da Apple, que diz considerar isso uma questão fundamental.

Para minimizar a coleta de dados, Cook lembra que o iOS conta com alguns recursos para “ajudar” usuários a navegarem com mais segurança no iOS – como a navegação anônima no Safari, além de uma ferramenta de prevenção contra rastreadores que continuam coletando dados até quando usuários deixam um site da web.

Apesar de defender o acordo com o Google, Cook se posicionou contra a coleta massiva de dados e a favor de legislações que restrinjam o acesso de empresas a informações pessoais – ele defende uma Lei Geral de Proteção de Dados nos Estados Unidos nos moldes da legislação europeia e também da brasileira. “Sou um grande defensor do livre mercado, mas temos que admitir quando o livre mercado não funciona. E ele não está funcionando. Acredito ser inevitável a criação de algum tipo de regulamentação”, disse o executivo na mesma entrevista.

Ex-editor(a)

Daniel Junqueira é ex-editor(a) no Olhar Digital