Como a Apple lida com dados pessoais dos usuários de iPhone

Daniel Junqueira14/11/2018 16h01, atualizada em 14/11/2018 17h30

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Dados pessoais estão entre os bens mais valiosos da atualidade: empresas como Google e Facebook montaram modelos de negócios em cima da coleta e venda da informações sobre usuários e faturam bilhões com isso. Como consequência, serviços e produtos oferecidos por essas companhias costumam ser gratuitos – ou ao menos bastante baratos. Em vez de cobrar dinheiro de cada pessoa que quer ter um perfil na rede social, por exemplo, o Facebook monta um perfil próprio com informações sobre a pessoa e usa isso para oferecer anúncios personalizados para ela.

Mas nem toda empresa atualmente aposta nesse modelo, e a Apple é uma que quer deixar bem claro que, nesse ponto, é muito diferente de concorrentes. É verdade que os iPhones estão cada vez mais caros e atingiram a marca de R$ 10 mil neste ano. Mas, em compensação, a fabricante diz que a coleta de dados pessoais é mínima, e a privacidade dos donos de iPhone é fundamental para a empresa.

De acordo com a Apple, a maioria dos dados usados por serviços e apps do iPhone é processada dentro do próprio iPhone ou Mac. Assim, sem exigir que informações sejam enviadas para servidores externos, a empresa promete mais segurança em seus dispositivos. Mas como exatamente isso funciona?

Coleta necessária, processamento local

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A Apple diz não manter um perfil de cada usuário com informações pessoais para fins de publicidade: nada de observar cada site acessado para identificar assuntos de interesse, nada de vasculhar mensagens e e-mails atrás de lugares que o usuário frequenta, ou programas de TV que ele costuma assistir e discutir com amigos. No caso dos iPhones, os dados só são coletados quando é exigido, e a maioria das informações ficam armazenadas no próprio celular da pessoa.

É assim que funciona o Face ID, por exemplo: as informações do rosto do usuário são guardadas no próprio celular e em momento algum são enviadas para servidores da Apple. A empresa diz adotar abordagem parecida com quase todos os serviços – embora, em alguns casos, a coleta dos dados seja bastante necessária e ajude efetivamente a vida da pessoa.

Um exemplo é a integração entre o calendário do iPhone e o serviço de Mapas: o celular consegue cruzar informações para saber que você tem um almoço em determinado restaurante com um colega. E, com isso, o Apple Mapas pode avisar a melhor hora de sair de casa para chegar ao compromisso. Isso tudo o ocorre internamente, é processado localmente, e as informações de trânsito coletadas para determinar o horário de saída são vinculadas a identificadores aleatórios que são apagados de tempos em tempos.

A Apple diz que, por não exigir login para usar serviços como o navegador Safari, os Mapas e diversas outras coisas, os dados dos usuários são mais protegidos: eles não são vinculados a pessoas específicas, e, assim, a privacidade é mantida: em momento algum os sites visitados em um iPhone são enviados para servidores da Apple e relacionados à conta registrada no seu iPhone.

Como funciona a Siri

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Por mais que assistentes digitais como a Siri sejam de muita ajuda em tempos atuais, eles também podem ser bastante perigosos: a coleta de informações, em alguns casos, é bastante elevada, e uma falha de segurança pode fazer com que esses dados caiam em mãos erradas.

A Siri funciona de maneira diferente, de acordo com a Apple. Por mais que ela esteja atenta ao comando para ser ativada, não significa que ouve tudo o que é dito ao redor do celular. Um processador interno está sempre atento e ativa a assistente quando as palavras mágicas “Hey Siri” são ditas. E só a partir daí ela começa a funcionar.

Mesmo quando o usuário quer alguma informação que usa localização, esses dados são enviados para a Siri de acordo com a necessidade. Para saber a previsão do tempo ela não precisa saber exatamente onde fica a sua casa – mas, para traçar rotas até a festa de um colega, a precisão de localização é fundamental.

O preço da privacidade

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Com essa abordagem, a Apple tenta se posicionar como uma alternativa no mundo atual que respeita a privacidade dos usuários. Porém, nesse caso, a privacidade é bem cara: custa a partir de R$ 5,1 mil, no caso do iPhone XR.

Por mais louvável que seja a iniciativa da empresa de colocar a segurança dos usuários em primeiro lugar, é difícil aceitar que tudo chegou a um ponto em que um valor tão alto é necessário para se sentir seguro de que seus dados não estejam sendo usados indevidamente.

Ex-editor(a)

Daniel Junqueira é ex-editor(a) no Olhar Digital