A Inglaterra começou na quinta-feira (13) a realizar os testes com o aplicativo chamado NHS Covid-19, o qual promete alertar usuários sobre o distanciamento ideal quando estiverem próximos a outras pessoas e ainda identificar precocemente possíveis casos do novo coronavírus. Os testes do app criado pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido serão realizados com voluntários da Ilha de Wight.

O sistema utiliza método centrado na privacidade da Apple e da Google e realiza o rastreamento por meio de Bluetooth. A ideia é usar os smartphones para rastrear e registrar quando pessoas estiverem próximas umas das outras, bem como quanto tempo durou esta aproximação. Desta forma, o país acredita ser mais fácil medir os riscos de contágio pela Covid-19.

O aplicativo também deve recomendar a quarentena ao usuário se ele tiver tido contato anterior com algum novo infectado. Isto deve ocorrer até mesmo antes de o paciente começar a sentir os primeiros sintomas da doença.

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Objetivo é prezar pelo distanciamento social e identificar possíveis casos da Covid-19 por meio de aplicativo. Créditos: Unsplash/Reprodução

Além disso, o NHS Covid-19 deve solicitar um escaneamento via QR Code quando o usuário estiver prestes a entrar em alguma propriedade. Esta função visa oferecer alertas posteriores constando se o local visitado estava ou não vinculado à infecções.

De acordo com o professor Christophe Fraser, consultor científico do Departamento de Saúde da Universidade de Oxford, o aplicativo deve ajudar na interrupção do contágio pelo vírus, afinal o sistema deve rastrear contatos próximos de forma rápida e abrangente, identificando até pessoas que não conhecemos ou que não nos recordamos de ter encontrado. “A aplicação pode ser uma garantia para um retorno mais rápido às atividades cotidianas”, completou Fraser.

Possíveis falhas

Os desenvolvedores do aplicativo ainda trabalham para reduzir a frequência com que o aplicativo sinaliza erroneamente a distância entre as pessoas. Isto porque o sistema é baseado em Bluetooth e ainda apresenta pequenas falhas. O governo da Inglaterra diz estar preocupado com este ponto, pois o problema pode resultar em quarentenas desnecessárias.

Mesmo assim, a equipe envolvida nos testes está otimista que melhorias no sistema possam ser adicionadas até o fim do ano. Apesar do “risco significativo” disso não ocorrer, os pesquisadores consideram importante, de qualquer forma, observar como o software se comportará em situações reais.

Tentativa frustrada

A Baronesa Dido Harding, chefe do programa Test and Trace e dirigente da NHSX – unidade de inovação digital do Serviço de Saúde da Inglaterra- cancelou em junho o julgamento de testes também realizados na Ilha de Wight. A decisão foi tomada com base nas dificuldades enfrentadas pelo governo por conta de restrições impostas pela Apple frente ao aplicativo.

Todo o problema surgiu porque a gigante da tecnologia possui regras específicas sobre o uso de Bluetooth por aplicativos de terceiros. A divergência resultou em um rastreamento de apenas 4% dos iPhones.

A tentativa frustrada de avançar na implementação do sistema fez com que o governo optasse pela solução Apple-Google, que não possui estas condições.

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País tem procurado estratégias para tornar o combate à Covid-19 mais efetivo. Créditos: Unsplash/Reprodução

Restrição de dados

Mesmo optando por outra solução, a Inglaterra deve enfrentar novos entraves para a efetiva implementação do aplicativo no país. A estrutura Apple-Google definiu que os desenvolvedores não podem ter acesso aos dados que mostram a intensidade de sinal do Bluetooth. O objetivo é preservar o anonimato das pessoas. A alternativa apresentada pelas empresas, neste sentido, é um conjunto básico de leituras que um aplicativo pode utilizar para medir suas próprias pontuações de risco.

Com mais este obstáculo, a precisão de dados e uso de ferramentas complementares pelo governo fica ainda mais restrito. 

Fonte: BCC News