Para alcançar o próximo nível de interação entre o cérebro e um computador, pesquisadores da Universidade de Helsinque, na Finlândia, utilizaram inteligência artificial (IA) para criar um sistema que transforma sinais emitidos pelo cérebro em imagens que são representações do que o usuário está pensando. Os resultados preliminares da criação foram publicados no início deste mês no Scientific Reports.
“Até onde sabemos, este é o primeiro estudo a usar a atividade neural para adaptar um modelo de computador que gera e produz informações que correspondem à intenção de um operador humano”, declara a equipe de pesquisadores.
O projeto usa um sistema criado pelos pesquisadores para interpretar sinais cerebrais vinculados a estímulos para modelar estados mentais. Buscando criar um sistema mais flexível e adaptável, os pesquisadores desenvolveram uma plataforma que pode imaginar e produzir uma representação do que uma pessoa visualiza em seu cérebro.
Ao comentar o êxito do experimento, os cientistas afirmam que sua modelagem gerativa neuroadaptativa é “um novo paradigma que pode impactar fortemente a psicologia experimental e a neurociência cognitiva”.
Testes para projeção de imagens
Para este estudo, 31 participantes foram instruídos a assistir passivamente a uma coleção de imagens e se concentrar mentalmente nas que correspondiam a certos critérios. Em seguida, sua atividade cerebral foi registrada por eletroencefalograma não invasivo (EEG).
Após essas etapas, as pessoas foram encarregadas de completar oito tarefas de reconhecimento de categorias faciais, localizando rostos que correspondiam às categorias de sorrir, não sorrir, indivíduos loiros, de cabelo escuro, jovens, velhos, femininos e masculinos. As respostas então foram divididas por participante.
Um classificador separou os resultados obtidos com base nos critérios de imagens pretendidos pelos pesquisadores. Os vetores relevantes foram transportados para um modelo de intenção, que foi responsável por gerar uma visualização do alvo mental.
Projeto usa um sistema criado pelos pesquisadores para interpretar sinais cerebrais vinculados a estímulos para modelar estados mentais. Foto: cono0430/ Shutterstock
Com isso, o sistema conseguiu gerar um rosto que se encaixava nas características vistas pelos participantes. Não é exatamente uma leitura da mente dos voluntários, já que as imagens geradas tinham características semelhantes às que foram pensadas pelos indivíduos.
“Nosso experimento forneceu fortes evidências de que a modelagem neuroadaptativa é altamente eficaz na geração de informações anteriormente inexistentes que correspondem às categorias perceptivas pretendidas pelo operador humano”, escreveram os pesquisadores.
Atualmente, a indústria que busca integração do cérebro com a tecnologia tem a promessa de inovar os futuros tratamentos médicos e garantir melhorias de saúde. Exemplos recentes de companhias do tipo incluem a Kernel, de Bryan Johnson, e a Neuralink, criada por Elon Musk.
Até o momento, estudos do tipo demonstraram capacidades limitadas de executar ações programadas, como o movimento bidimensional do cursor de uma tela de computador ou digitação de letras em um teclado. Essa é a primeira vez em que há o processamento avançado de comandos.
Via: Psychology Today