Pesquisadores de universidades europeias desenvolveram um sistema que promete agilizar estudos sobre implantes neurais e potencialmente ajudar no tratamento de doenças neurológicas em humanos.

Em artigo publicado na revista científica Nature Biomedical Engineering, os cientistas descrevem uma técnica de fabricação com impressoras 3D que permite produzir protótipos de chips adaptáveis para diferentes partes do corpo e condições do sistema nervoso.

O estudo relata experimentos com implantes elaborados pelos próprios autores. De acordo com eles, os dispositivos foram capazes de estimular a medula espinhal em modelos de animais com disfunções neurológicas. A pesquisa ainda indicou que os protótipos podem ser ajustados para atuar também na superfície do cérebro, músculos e nervos periféricos.

“As pesquisas demonstraram como a impressão 3D pode ser aproveitada para produzir protótipos com custo e rapidez ainda não aplicados. Tudo isso mantendo os padrões necessários para desenvolver um dispositivo eficiente”, disse Ivan Minev, coautor do estudo e professor da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, em nota no site Medicalxpress.

Implantes neurais são apostas de diversos pesquisadores e empresas privadas para desenvolver tratamento para condições neurológicas. A Universidade de Monash, na Austrália, estuda um sistema que promete recuperar a visão de pacientes com lesões em nervos oculares. Já a startup Neuralink, do bilionário Elon Musk, pesquisa uma solução que pode ajudar portadores de Doença de Parkinson e outras condições.

A nova técnica tambémpoderia apoiar essas iniciativas concorrentes. Equipes de engenheiros podem desenvolver modelos de implantes neurais, de acordo com as demandas de neurocientistas. A impressora 3D então aplicaria materiais biocompatíveis para fabricar o protótipo, que ainda poderiam ser adaptados rapidamente, conforme a necessidade. Para os cientistas das universidade europeias, isso deve viabilizar métodos mais rápidos e econômicos de testar potenciais tratamentos.

“Olho biônico” desenvolvido pela Universidade Monash envolve o uso de um capacete equipado com uma câmera e unidade de processamento conectadas a implantes cerebrais do tamanho de microchips de celulares. Imagem: Monash University

A equipe de pesquisadores ainda pretende avaliar a resistência por longos períodos dos dispositivos fabricados pelos autores. A ambição no entanto, é conduzir testes clínicos com os protótipos fabricados com a nova técnica de impressão 3D.

“Os pacientes têm anatomias diferentes e o implante tem que ser adaptado a isto e a necessidade clínica particular. Talvez no futuro, o implante seja impresso diretamente na sala de cirurgia enquanto o paciente está sendo preparado para a cirurgia”, afirmou Minev.

Via: MedicalXpress