Cientista israelense cria o ‘DNA das Coisas’

DNA sintético integrado a qualquer material pode conter o arquivo necessário para produzir mais cópias da mesma peça e levar informações úteis sobre o objeto
Rafael Rigues09/12/2019 18h50

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O cientista israelense Yaniv Erlich carrega um pequeno coelho de plástico branco, com cerca de 2,5 cm de comprimento, para qualquer lugar aonde vai. O objeto está longe de ser um mero chaveiro ou sequer um amuleto de boa sorte. É um experimento.

Feito em uma impressora 3D, o coelho esconde um segredo: mais de 350 milhões de cópias de uma cadeia de DNA, armazenadas dentro de minúsculas esferas de vidro misturadas ao plástico. Codificado dentro de cada cópia está o arquivo com o modelo 3D original usado para imprimir o coelho.

Reprodução

Ou seja, se você tirar um “pedacinho” qualquer do coelho e extrair seu “DNA”, poderá criar uma cópia dele, da mesma forma que extraindo o DNA de um animal real é possível criar um clone. O coelho é, na verdade, um experimento no uso do DNA para armazenamento de dados com alta densidade. E poderia iniciar uma nova era; a do “DNA das Coisas”.

O coelho que Erlich carrega é uma cópia de terceira geração, e o pesquisador já criou cinco gerações. Todas absolutamente idênticas, demonstrando a estabilidade do DNA como mídia de armazenamento.

“Esta é uma incursão muito inicial em uma das aplicações mais promissoras do armazenamento de dados em DNA: armazenamento onipresente”, diz Sriram Kosuri, bioquímico da UCLA que não esteve envolvido no experimento.

Com o armazenamento onipresente, todos os objetos do cotidiano poderão ser marcados com informações úteis, como onde foram fabricados, seus ingredientes ou composição, manuais de instruções, avisos de segurança e recomendações sobre a melhor forma de reciclar ou descartar o item.

“Incorporar informações diretamente nos materiais seria uma coisa realmente útil”, diz a cientista sênior da Microsoft Karin Strauss, que lidera uma pesquisa em sistemas de informações moleculares. QR codes podem se desgastar, manuais podem se perder, mas informação que estiver integrada ao próprio material do objeto irá durar enquanto ele estiver por perto.

Além da resistência, a tecnologia tem outro uso possível: segurança. Uma arquitetura de “DNA das coisas” pode camuflar arquivos confidenciais em objetos inócuos, transformando-os em dispositivos de armazenamento secretos capazes de passar pela segurança sem detecção. “Ele parecerá um objeto comum, portanto, é uma maneira muito eficaz de ocultar informações”, diz Erlich.

Fonte: Wired

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital