A Apple está sendo processada, mais uma vez, por ações consideradas anticompetitivas em um de seus mercados de maior interesse: a publicidade. A alegação de agências de propaganda e outros atores do setor é que a nova política de privacidade do usuário, adotada para ser utilizada no iOS a partir de 2021, prejudicará a publicidade segmentada.

Na última atualização do sistema, a empresa anunciou que, a partir do ano que vem, o usuário optará ativamente por escolher se o sistema pode compartilhar seu identificador com terceiros. Esta tag, que é individual para cada telefone, permite que produtores de anúncios tenham acesso a dados diversos de comportamento de quem utiliza o sistema.

A alegação da acusação é de que a nova política de privacidade vai afetar a base de dados dos anunciantes, que tende a ficar menor com a possibilidade de escolha prévia de compartilhamento por parte do usuário. Isto afetaria muitas das ferramentas de anúncio das plataformas, tornando-as inefetivas em muitos casos.

 

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Debate acerca da privacidade dos usuários nas plataformas digitais tem sido intenso em vários países. Imagem: Michael Candelori/ Shutterstock

 

Privacidade no ambiente digital

Discussões sobre a privacidade no ambiente digital têm se tornado recorrentes em países da União Europeia, na Ásia e nos EUA. A intenção de diversos Estados é regulamentar o acesso de empresas de tecnologia aos dados dos usuários.

Desta vez, o processo corre na França, um dos principais países dentro da União Europeia. É possível que decisões tomadas em casos como este, em instâncias superiores, criem uma tendência de comportamento das empresas de tecnologia em relação às práticas de utilização de informações dos usuários.

A tensão entre regulamentação e o lobby corporativo por um acesso mais livre à base de dados dos usuários tem se tornado comum no âmbito legal. Decisões judiciais sobre este tópico mudam a forma que diversos mercados digitais se estruturam, principalmente quanto a viabilidade econômica de plataformas gratuitas na nuvem e de redes sociais, que são financiadas pela venda de informações a anunciantes.

Fonte: Financial Times