14 famílias no Congo estão processando a Apple, Alphabet (que controla o Google), Microsoft, Dell e Tesla por permitir a morte de crianças em minas de cobalto. O metal é usado na produção de baterias de lítio-íon, componente fundamental de produtos fabricados pelas empresas citadas.

Sozinho, o Congo produz mais de 60% do cobalto em todo o mundo, muito dele extraído em minas primitivas onde homens, mulheres e crianças trabalham em ambientes insalubres, como túneis escuros e instáveis, por um salário de apenas US$ 2 por dia.

Desabamentos e mortes por soterramento são comuns. O processo cita o caso de um garoto chamado Raphael, que aos 12 anos começou a trabalhar em uma mina após seus pais não conseguirem os US$ 6 para a mensalidade da escola onde estudava. Em 16 de Abril de 2018, quando tinha 15 anos, Raphael trabalhava com outros 30 mineradores em um túnel quando as paredes desabaram. Nenhum deles sobreviveu.

As empresas de tecnologia são acusadas de ter conhecimento e se beneficiar deste sistema primitivo de mineração operado por suas fornecedoras. Entre as mineradoras citadas estão a chinesa Zhejiang Huayou, que fornece para a Apple, Dell e Microsoft, e a britânica Glencore, que vende metal para a Umicore, que tem como clientes a Apple, Google, Tesla, Microsoft e Dell.

Segundo o Estadao, um porta-voz da Glencore declarou que a empresa respeita os direitos humanos de maneira consistente com a declaração universal de direitos humanos. “A Glencore não tolera qualquer forma de trabalho infantil, forçado ou compulsório, disse. A Huayou ainda não se pronunciou.

Não é a primeira vez que a Apple é envolvida nesta polêmica. Em 2016 a empresa (junto com a Samsung, Microsoft, Sony e Volkswagen) foi citada em um relatório da Anistia Internacional como beneficiária do trabalho infantil em minas operadas pela Huayou. Em 2018 a empresa cogitava comprar metal diretamente dos mineradores, em vez de intermediários, para poder fiscalizar melhor a cadeia produtiva.

Fonte: The Guardian