Na última quinta-feira (19), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, admitiu em nota que o ataque de negação de serviço (DDoS) no primeiro turno das eleições municipais de 2020 impactou, também, o aplicativo e-Título.
“As investidas cibernéticas contra o TSE registradas no domingo (15) da eleição não têm relação com o atraso de duas horas e meia na divulgação dos resultados da votação, mas podem ter ocasionado instabilidades no aplicativo e-Título e no sistema de processo judicial eletrônico (PJe)”, disse o tribunal.
Também no domingo das eleições, Barroso havia citado em coletiva de imprensa que o ataque não tinha relação com instabilidades no aplicativo. Segundo ele, a lentidão havia sido causada porque muitos eleitores baixaram o aplicativo somente no dia do pleito. Por isso, houve instabilidade em seu uso.
Durante eleições municipais de 2020, na última semana, eleitores relataram problemas para usar o app e-Título. Imagem: TSE/Reprodução
Os ataques também geraram um vazamento de dados, que posteriormente foram confirmados como informações de ex-funcionários do TSE datadas de 2001 a 2010. O CyberTeam, que reivindicou a autoria do ataque, também divulgou dados relacionados de 2020 posteriormente.
Caso é investigado pela Polícia Federal
No dia das eleições, houve atraso na entrega dos votos. De acordo com Barroso, o sistema de apuração passou por dois dos cinco testes previstos antes de entrar em funcionamento. O atraso, em si, se deu pela demora na entrega do computador Exodata X8 pela Oracle, causado pela pandemia de Covid-19.
Barroso determinou na última semana, então, a criação de uma Comissão de Segurança Cibernética que acompanhará a investigação da Polícia Federal. Ela será presidida pelo ministro Alexandre de Moraes e “vai elaborar estudos sobre ações de prevenção e enfrentamento de ilícitos decorrentes da ação de hackers.” A tentativa de prejudicar o processo eleitoral, informa o TSE, foi feita de modo coordenado.