Resultado das eleições atrasou porque TSE não testou tecnologia da Oracle

Segundo ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, tecnologia fornecida pela Oracle não foi testada, porque empresa atrasou entrega de equipamentos por conta da pandemia de Covid-19
Wellington Arruda18/11/2020 13h35, atualizada em 18/11/2020 14h25

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O sistema de apuração das eleições municipais, realizadas no último domingo (15), não passou por testes prévios por conta do atraso na entrega de equipamentos por parte da Oracle. É o que alega o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso.

Segundo revela a Folha de S.Paulo, documentos apontam que o TSE levou 18 meses para assinar o contrato com a Oracle para usar a tecnologia. A sugestão, inicialmente, veio da Polícia Federal com proposta de centralizar o sistema de apuração em Brasília.

O contrato de quatro anos teria sido assinado em março, sem licitação, pelo valor de R$ 26,2 milhões. A tecnologia, entretanto, só foi entregue no mês de agosto. O atraso se deu por causa da pandemia de Covid-19, informou Barroso. Por isso, alega, os testes não foram realizados e houve lentidão na divulgação dos resultados.

Reprodução

Barroso informou, em sessão, que problemas na apuração não deverão ocorrer no segundo turno. Imagem: José Cruz/Agência Brasil

Cinco testes estavam previstos pela equipe técnica do tribunal, mas apenas os dois últimos foram feitos com a tecnologia da Oracle. Entre elas, há o RecBio (Sistema Receptor de Biometrias), o RecBU (Sistema Recebedor de Boletim de Urna) e o TOT (Totalização Eleitoral). Não foi exigida licitação, segundo o documento, porque a Oracle já fornece uma série de sistemas da Justiça Eleitoral.

Problema deve ser evitado no segundo turno

O TSE divulgou na terça-feira (17) uma nota informando que os testes ocorrem regularmente para antecipar soluções de potenciais problemas. Também, que o contrato previa o prazo de 70 dias para que os equipamentos da Oracle fossem entregues – no início de junho. Por causa da pandemia, a Oracle “foi afetada pela ausência de peças eletrônicas e indisponibilidade de dispositivos”.

A nota informa que o equipamento foi entregue ao tribunal em 17 de julho e ficou pronto para uso em 14 de agosto. Em relatório, a PF recomendou o TSE a adotar a medida em outubro de 2018. Na terça-feira (17), Barroso se desculpou pelo atraso e classificou a lentidão no sistema, baseado em nuvem, como um “pequeno problema”.

O resultado das eleições, entretanto, ainda foi anunciado no mesmo dia do pleito. Técnicos do TSE e da Oracle informaram, ainda, que o problema ocasionado no primeiro turno “não se repetirá no segundo turno, em 29 de novembro, tendo em vista que o otimizador já está calibrado para processar um volume maior de informações de forma célere”.

Fonte: Folha de S.Paulo

Wellington Arruda é editor(a) no Olhar Digital