A Americanet, operadora de telefonia e internet, quer levar a tecnologia 5G para 500 municípios do estado de São Paulo que possuem menos de 100 mil habitantes. A empresa disputará o leilão das frequências de 5G com outras grandes operadoras e planeja compartilhar o espectro com outros ISPs (Provedor de Serviço Internet) menores.
Segundo o CEO da empresa, Lincoln Oliveira, o acesso ao 5G é a evolução natural para os ISPs e a forma mais rápida de levar a nova tecnologia para os municípios menores. Ele explica que esses ISPs já trabalham na rede de última milha (acesso do usuário final à rede da operadora) e que elas podem ser substituídas pela FWA (Acesso Wireless Físico) para o uso do 5G. Portanto, a infraestrutura já estaria “pronta” para o desenvolvimento do 5G nas cidades menores.
Disputa entre as operadoras
A participação dos ISPs no próximo leilão de frequência 5G da Anatel é motivo de disputas. De um lado, as grandes operadoras afirmam que podem fazer mais com mais espectro. Já as pequenas companhias acreditam que podem ajudar na expansão da conexão no Brasil todo.
Em live promovida pelo portal TeleSíntese, Oliveira já havia demonstrado sua preocupação com a distribuição das cotas do 5G. O CEO explicou que os custos para conectar uma residência com fibra óptica é mais elevado para os provedores de internet regionais do que para as grandes empresas.
Por este motivo, via como desleal uma competição entre a fibra e a banda larga fixa 5G, caso o espectro seja reservado apenas às grandes companhias. Se os ISPs entrassem na disputa, eles poderiam explorar o 5G de maneira complementar à fibra.
Leilão de 5G será a maior licitação de frequências da história da Anatel. Créditos: Anatel/Reprodução
Oliveira ainda havia afirmado que as PPPs (Prestadoras de Pequeno Porte – como são classificados os ISPs) serão capazes de implementar o 5G no interior do país antes de as grandes operadoras finalizarem suas redes equivalentes nas capitais.
“Uma PPP tem total condição de cobrir uma cidade com 50 mil habitantes. E realizando parcerias com outras PPPs, será possível cobrir dezenas, centenas de cidades. Não tem PPP querendo ir para a capital. As grandes vão colocar dinheiro nas grandes cidades, as pequenas, nas pequenas cidades”, afirmou o empresário.
Segundo o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Vitor Menezes, a política pública para o 5G prevê a participação das PPPs. “As maiores podem participar diretamente do leilão e as menores poderão participar indiretamente, já que o edital vai permitir o cumprimento de obrigações por terceiros”, disse.
O CEO da Nokia Brasil, Luiz Tosini, também vê com bons olhos a participação dos ISPs no leilão do 5G, afirmando que essas empresas universalizaram o acesso à banda larga no país. Segundo Tosini, a Nokia desenvolveu uma plataforma 5G de IoT (Internet das Coisas) para o Brasil, o que pode ajudar os ISPs a receberem receitas extras.
O leilão das frequências para a implementação do 5G no Brasil já foi adiado duas vezes devido à pandemia do Coronavírus. De acordo com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, o processo acontecerá entre abril e maio de 2021, de acordo com a previsão do próprio ministério.
Fonte: TeleSíntese