A longa lista de escândalos do Facebook não escapa da preocupação dos acionistas, que veem o CEO Mark Zuckerberg com poder excessivo sobre as decisões e estratégias da companhia. Lembrando das seguidas violações que minam a reputação da rede social, desde fake news em massa nas épocas eleitorais até permitir que um atentado terrorista fosse transmitido ao vivo na plataforma, em algum momento os executivos certamente questionariam o controle de Zuckerberg e tentariam diminui-lo.

Acionistas demonstraram a apreensão nesta quinta-feira, 30, na assembleia anual de acionistas da companhia, quando oito propostas do grupo não foram aprovadas. Algumas delas tinham o objetivo de tentar controlar o poder de Zuckerberg. Não passaram porque o CEO detém o maior poder de voto sobre a empresa: além de ser presidente do conselho de diretores do Facebook, o fundador é dono de uma classe de ações chamada Classe B que lhe dá o direito de 10 votos por ação. Com isso, Zuckerberg tem poder absoluto sobre a administração da rede social.

Por conta dessa estrutura de voto monopolista, acionistas contra a supremacia administrativa de Zuckerberg já sabiam que as propostas não passariam, porque para isso precisariam do apoio do próprio alvo da mudança. Uma delas exigia que o Facebook selecionasse uma cadeira independente; outra sugeria eliminar as ações Classe B. O CEO se manteve firme diante a pressão. Sinalizou durante a reunião não ter planos de renunciar ao controle da rede social.

Os acionistas tentam conter o poder de Zuckerberg há tempos, mas as propostas se intensificaram à medida que a empresa continua se mostrando negligente sobre questões de segurança e privacidade de dados. Até um dos cofundadores da rede social, Chris Hughes, pediu que os órgãos reguladores do governo norte-americano desmembrassem o Facebook para diminuir o poder “sem precedentes” de Zuckerberg.

O fato de recentemente a empresa ter sido multada pela Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos em um valor recorde de até US$ 5 bilhões também deve ter esquentado as preocupações dos acionistas. A penalidade, de praxe, está relacionada aos escândalos de violação de privacidade envolvendo o Facebook.

Entidades civis também estão crescendo com manifestações contra o monopólio poderoso que o Facebook detém sobre os dados pessoais de usuários de ruas redes, que incluem o Instagram e o WhatsApp. Do mesmo modo que os acionistas, protestantes pedem pelo desmembramento da administração da empresa.

Outros tópicos foram discutidos na assembleia. Um deles pedia que o Facebook preparasse um relatório sobre a diversidade de trabalho, com informações sobre o que a empresa está fazendo para apoiar funcionários “que não compartilham a ideologia política dominante do Vale do Silício”. A proposta também foi negada.

Os acionistas elegeram oito membros para a diretoria do Facebook, incluindo a executiva do PayPal, Peggy Alford, que será a primeira mulher negra a integrar o conselho. Já o CEO da Netflix, Reed Hastings, que atua no comitê desde 2011, não foi indicado para a reeleição.

Via: Cnet