Zuckerberg teria usado dados do Facebook como “moeda de barganha” para controlar mercado de aplicativos

Segundo reportagem, a empresa teria dado tratamento preferencial para desenvolvedores ou parceiros por causa de seus gastos com anúncios na plataforma ou relacionamento com executivos.
Equipe de Criação Olhar Digital16/04/2019 22h21

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Constantemente alvo de acusações de vazamentos e uso indevido das informações dos usuários da plataforma, o Facebook volta a enfrentar  acusações sobre o tema. Segundo investigação do site NBC News, publicada em uma reportagem nesta terça-feira (16), o modus operandi da rede social era conceder acesso aos dados para alguns parceiros e os negá-los aos rivais dos mesmos, enquanto, publicamente, garantia proteção das informações.

De acordo com a reportagem, o fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, era o responsável pela coordenação das estratégias da empresa, que usava os dados dos usuários como uma “moeda de barganha” para controlar os concorrentes e se alavancar no mercado.

A NBC obteve cerca de 4 mil documentos vazados do Facebook, a maior parte deles entre 2011 a 2015. Os documentos, supostamente, resultam de um processo judicial entre a rede social e o desenvolvedor de aplicativos Six4Three, startup do Reino Unido que processou a empresa depois que ela bloqueou o acesso à sua plataforma de APIs. Entre as informações coletadas estão e-mails, registros de bate-papo, apresentações, planilhas e resumos de reuniões.

Entre as apresentações, havia várias propostas de estratégias de cobrança de desenvolvedores pelo acesso à plataforma e aos dados do Facebook, de acordo com e-mails e relatórios do final de agosto de 2012.

Alguns dos documentos haviam sido divulgados anteriormente pelo Parlamento do Reino Unido como parte de sua investigação sobre o escândalo de violação de privacidade da Cambridge Analytica. O caso ganhou repercussão mundial devido ao acesso indevido a dados de 87 milhões de usuários do mundo todo pela empresa de marketing.

No mesmo dia em que a NBC divulgou a reportagem, a empresa reiterou em um comunicado que não vende dados das pessoas que usam a rede social. “Como já dissemos muitas vezes, o Six4Three [que criou o app Pikinis] escolheu [vazar] esses documentos de anos atrás como parte de um processo para forçar o Facebook a compartilhar informações sobre amigos dos usuários do seu aplicativo. O conjunto dos documentos conta apenas um lado da história e omite um contexto importante. Mas os fatos são claros: nunca vendemos dados de pessoas”, disse o vice-presidente do Facebook Paul Grewal.

Porém, a declaração se contradiz com o modus operandi da empresa mostrado pelos documentos obtidos pela NBC. Segundo a reportagem, as informações revelam que o Facebook considerava várias formas de compensação para que os aplicativos de terceiros tivessem acesso a dados de usuários da plataforma, como gastos com publicidade e troca de informações entre as companhias envolvidas.

No final, o Facebook decidiu não vender os dados diretamente, mas sim distribui-los aos desenvolvedores de aplicativos que eram considerados amigos próximos de Zuckerberg, geravam receita para a companhia ou compartilhavam seus próprios dados valiosos. Segundo os documentos, a Amazon foi umas empresas beneficiada pela estratégia da rede social.

Por outro lado, o aplicativo MessageMe teve acesso negado. Isso porque a ferramenta estava ganhando popularidade e poderia representar uma ameaça ao Facebook Messenger.

A empresa de Zuckerberg negou que deu tratamento preferencial para desenvolvedores ou parceiros por causa de seus gastos com anúncios na plataforma ou relacionamento com executivos. Até o momento, o Facebook não foi acusado judicialmente por alguma violação de leis.

O Facebook é a rede social mais acessada do mundo e controla informações sobre mais de 2 bilhões de pessoas que a acessam. Desde o escândalo do vazamento da Cambridge Analytica, Zuckerberg vem garantindo que a empresa estava investindo na segurança dos dados dos usuários, como a limitação do acesso aos mesmos por desenvolvedores, afirmando que esse seria o futuro da rede social.

Apesar das declarações e mudanças, o Facebook ainda compartilha muitos dados com empresas como Netflix, Amazon e Spotify.

Via: Cnet  Fonte: NBC News