Uso excessivo do WhatsApp gera ansiedade e hipervigilância

Especialistas dizem que o ideal é fazer pausas no uso depois de certo tempo
Redação06/01/2020 15h48, atualizada em 06/01/2020 16h27

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O WhatsApp se tornou parte da rotina das pessoas. Antes usado apenas para se comunicar com familiares e amigos, o aplicativo se tornou um instrumento muito utilizado por empresas para se comunicar com seus funcionários. Porém, o uso contínuo do WhatsApp pode gerar grandes problemas para a saúde do usuário. Leonardo Goldberg, doutor em psicologia pela USP, afirma que a obrigação social de responder imediatamente causa hipervigilância e ansiedade nas pessoas.

Além desses, passar grande parte do dia olhando o aplicativo pode causar problemas no sono e na postura, além de problemas oftalmológicos, segundo o coordenador do grupo de dependências tecnológicas do Hospital das Clínicas, Cristiano Nabuco. “Em crianças, adolescentes e até mesmo jovens adultos, o controle dos impulsos, ou seja, o comportamento que deixaria você colocar um freio no uso das redes sociais, não está pronto”, afirmou.

Além disso, receber uma série de mensagens e curtidas nas redes sociais passa um sentimento de recompensa, o que cria um looping, fazendo com que o usuário gaste cada vez mais tempo no aplicativo, acrescentou Nabuco. Para Guilherme Spadini, diretor da área de psicoterapia da School Of Life Brasil, a questão com o vício em redes sociais e internet é saber se é possível controlar o uso ou se é necessário a abstinência. “Se você não está disposto a cortar o uso totalmente, no mínimo seria muito importante fazer pausas”, afirma.

O uso do WhatsApp por empresas para falar com os funcionários pode entrar em outra discussão. Além de exigir uma resposta imediata em diversos casos, a comunicação entre empregado e empregador pode ser considerada hora extra, diz o advogado André Laza. Caso não esteja de plantão ou na escala, a condição está prevista na súmula 428 do Tribunal Superior de Trabalho, já que o trabalhador fica disponível para o patrão fora do seu período de trabalho.

Segundo Laza, não é preciso formalizar o plantão, uma simples mensagem já configura a chamada hora de sobreaviso. Apesar de não haver nenhum procedimento legal para evitar essa conduta, o empregado não tem obrigação de responder mensagens fora do seu horário de trabalho.

Os especialistas recomendam alguns passos para controlar o seu uso nas redes. O primeiro é saber qual o seu objetivo ao acessá-la. Definir se o uso será profissional ou pessoal pode controlar como e quanto será usado. Outro ponto é silenciar aplicativos que podem ser silenciados. As notificações geralmente são responsáveis por manter o usuário preso à internet. Reunir os aplicativos em grupo também ajuda, já que vai diminuir a visibilidade e dificultar o acesso a eles.

Determinar um momento certo para o uso das redes sociais vai restringir o tempo de acesso à internet. Abrir espaço para momentos de pensamento criativo e profundo é necessário também. Apenas 15 minutos nas redes já atrapalham esse fluxo, segundo especialistas. Por último, mas de extrema importância, restringir o uso das crianças com as redes sociais. Menores de dois anos não devem sequer ter contato com elas. Até os cinco, no máximo uma hora por dia e longe das refeições. Até os 10 anos, o tempo máximo de exposição recomendado é de até duas horas diárias.

Via: Folha de S.Paulo

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital