Quem nasceu antes dos anos 2000 provavelmente se lembra dos disquetes, discos de armazenamento que não suportavam sequer um arquivo de música em boa qualidade. Surpreendentemente, eles são utilizados até hoje nos modelos 737 e 747 da Boeing, que recebem atualizações importantes por meio de antigos discos de 3,5 polegadas, com capacidade de 1,44 MB.

O fato foi observado por pesquisadores de segurança da Pen Test Partners, companhia especializada em sistemas de tecnologia da informação. Como a Boeing decidiu retirar sua frota de circulação devido à pandemia do novo coronavírus, os pesquisadores tiveram acesso à cabine de comando dos aviões. Lá, eles encontraram oito disquetes responsáveis por guardar dados importantes de navegação, como alterações de rotas e aeroportos, por exemplo. 

O processo é bem rudimentar: a cada 28 dias, um engenheiro vai pessoalmente à cabine de comando e atualiza os disquetes com as novas informações. A nível de comparação, em oito disquetes mal caberia um vídeo do Olhar Digital, mas cabem as informações pertinentes a um voo no Boeing 747.

A inspeção foi gravada e disponibilizada pelo canal Aerospace Village no Youtube. Os disquetes aparecem aos 7 minutos e 50 segundos do vídeo.  

É velho, mas funciona

Apesar de surpreendente, o uso de disquetes não representa impacto algum à segurança ou desempenho dos aviões. O Boeing 747-400, onde foi gravado o vídeo da inspeção, voou pela primeira vez em 1988, época em que esse tipo de disco era o que havia de mais avançado em tecnologias de armazenamento

Não faz sentido inutilizar um dispositivo que vem funcionando perfeitamente há tantos anos. Na verdade, embora não façam parte do cotidiano de quase ninguém, os disquetes não são tão obsoletos assim. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos, por exemplo, só parou de utilizá-los em outubro de 2019.  

08_36_06_Boeing_747_floppy.jpg

Unidade de disquete do Boeing 747-400. Imagem: Reprodução/Youtube

Naturalmente, aeronaves recentes da Boeing contam com bancos de dados mais evoluídos em suas cabines. A descoberta da Pen Test Partners, no entanto, é um bom exemplo de que o fato de ser velha não necessariamente torna uma ferramenta menos útil.

Via: The Verge