Uber acumulou prejuízo de mais de R$ 36 bilhões em 2019

Empresa segue 'queimando' dinheiro em ritmo impressionante, mas acredita que 2020 pode ser seu primeiro ano lucrativo
Renato Santino07/02/2020 20h43, atualizada em 07/02/2020 20h50

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A Uber anunciou nesta semana os resultados do último trimestre de 2019 e os números continuam negativos, como é de costume. A empresa anunciou um prejuízo líquido de US$ 1,1 bilhão no período, completando perdas na casa de US$ 8,5 bilhões (ou R$ 36,7 bilhões na cotação atual) ao longo de todo o ano de 2019.

Há notícias positivas para a companhia, apesar das perdas bilionárias. A empresa, apesar de apresentar prejuízo líquido, continua vendo seu faturamento crescer rapidamente. Ao longo do período de três meses encerrados em dezembro, a companhia recebeu um total de US$ 18,1 bilhões de seus clientes como pagamento por seus serviços. Este valor, que não considera os descontos de pagamentos de impostos ou repasse aos parceiros, foi 28% maior em comparação com o mesmo período de 2018, mostrando um crescimento significativo.

Apesar do crescimento, os números continuam mostrando uma tendência preocupante para os investidores da companhia. A Uber continua perdendo dinheiro em um ritmo impressionante, e os acionistas começam a pressionar a companhia para encontrar um caminho para a lucratividade, para que a empresa se mostre como um negócio viável de longo prazo. Na visão dos diretores, isso pode começar a acontecer a partir de 2020, e esse otimismo foi o bastante para fazer as ações da companhia na Bolsa de Valores de Nova York dispararem em cerca de 10% nesta sexta-feira.

A Uber já tomou algumas decisões mais drásticas para começar a dar lucro. No ano passado, a companhia anunciou a demissão de aproximadamente 1.000 funcionários, com o objetivo de cortar custos, mas ainda não foi suficiente. A empresa pode ser forçada a encontrar outros caminhos para aumentar o valor que recebe dos seus clientes, o que pode implicar um aumento de preço para o passageiro ou um aumento do percentual do valor que é recolhido pela empresa por corrida, o que provavelmente irritaria profundamente os condutores. Também poderia representar um corte mais brusco nos investimentos em marketing para aquisição de novos clientes, por exemplo, que poderia causar na diminuição do número de promoções, cupons e créditos por indicação de pessoas para a plataforma, além da redução de campanhas de publicidade.

A companhia também tem investido bastante no desenvolvimento da tecnologia de veículos autônomos, apesar de ter encontrado um contratempo grave que atrasou o projeto quando um de seus carros atropelou e matou uma pedestre enquanto operava sem supervisão humana adequada no estado do Arizona. No longo prazo, a tecnologia poderia eliminar os motoristas da equação e reduzir severamente os custos de transportar passageiros.

De qualquer forma, ainda que continue perdendo dinheiro em um ritmo impressionante, a Uber ainda está longe da falência. A companhia continua com mais de US$ 11 bilhões de dinheiro em caixa e investimentos de curto prazo, acumulados em boa parte graças à abertura de capital da empresa, que podem manter o ritmo de perdas por aproximadamente três anos.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital

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