Snapchat vai deixar de promover posts de Donald Trump

A Snap, desenvolvedora do app, afirma que não quer 'amplificar vozes que incitam a violência racial e injustiça'
Rafael Rigues03/06/2020 19h58

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A Snap, desenvolvedora do Snapchat, anunciou nesta quarta-feira (3) que deixará de promover conteúdo produzido pela conta de Donald Trump numa seção curada do serviço chamada Discover (Descubra), porque não quer “amplificar vozes que incitam a violência racial e injustiça”.

“Não estamos mais promovendo conteúdo do Presidente na plataforma Discover do Snapchat”, disse um porta-voz da empresa em uma declaração. “Não iremos amplificar vozes que incitam a violência racial e injustiça ao dar a elas promoção gratuita no Discover. Violência racial e injustiça não tem lugar em nossa sociedade, e estamos juntos com os que procuram paz, amor, igualdade e justiça na América”.

O gerente de campanha de Trump, Brad Parscale, acusou a Snap de “tentar fraudar as eleições de 2020” e chamou o CEO da empresa, Evan Spiegel, de “radical”. “O Snapchat odeia que tantos de seus usuários assistem ao conteúdo do presidente, portanto estão ativamente tentando suprimir os eleitores”, disse Parscale em uma declaração.

A decisão do Snapchat vem após tuítes de Trump em resposta a manifestações, algumas delas violentas, em várias cidades dos EUA contra a morte de George Floyd, um homem negro, por Derek Chauvin, um policial branco, durante uma abordagem.

Mesmo após algemar Floyd e colocá-lo no chão, Chauvin se ajoelhou sobre o pescoço do homem durante quase nove minutos, ignorando seus apelos de que não conseguia respirar. Floyd perdeu a consciência e foi levado a um hospital, onde chegou já morto. Uma autópsia realizada a pedido de sua família determinou a causa da morte como sendo “asfixia mecânica”.

Na última sexta-feira, em resposta aos primeiros protestos e relatos de saques, Trump tuitou afirmando que “quando os saques começam, os tiros começam”, o que foi sinalizado pelo Twitter como “glorificação da violência”. No sábado Trump afirmou em outro tuíte, que não foi sinalizado, que se os manifestantes se aproximassem dos portões da Casa Branca seriam recebidos com “os cães mais ferozes, e as armas mais ameaçadoras”.

Nesta segunda-feira a Snap publicou um memorando enviado por Spiegel a seus funcionários no qual o executivo denuncia o racismo. “Nós simplesmente não podemos promover contas na América que são ligadas a pessoas que incitam a violência racial, não importa se fazem isso dentro ou fora de nossa plataforma”.

“Nossa plataforma de conteúdo Discover é uma plataforma curada, onde nós decidimos o que promover. Já falamos várias vezes sobre nosso trabalho duro para criar um impacto positivo, e vamos cumprir o que prometemos com o conteúdo que promovemos no Snapchat”, disse o executivo. “Isto não significa que a Snap irá remover contas com as quais discorda ou que são ‘insensíveis para algumas pessoas’”, afirmou.

Trump nega que esteja incitando violência racial. O Snapchat é visto pelos candidatos à presidência dos EUA como uma forma de se engajar com os eleitores mais jovens. O Presidente tem 1,5 milhões de seguidores na plataforma, onde publica vídeos e screenshots de seus tuítes.

Fonte: CNet

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital