Óculos inteligentes, ou smart glasses, podem ameaçar o império de smartphones no mercado, aponta um estudo conduzido pela agência Avellar. Para a empresa, no entanto, a tecnologia ainda precisa contemplar uma série de parâmetros até que possa ser produzida e consumida em grande escala.

O estudo descreve uma análise das tecnologias presentes em alguns dos principais smart glasses em desenvolvimento na indústria e outros projetos de óculos inteligentes que foram descontinuados, como o Google Glasses. O relatório, porém, atribui atenção especial para uma iniciativa: o Apple Glass.

De acordo com a Avellar, os últimos avanços da indústria somados a recentes vazamentos de informações do projeto da Apple indicam o início do posicionamento de um possível competidor aos smartphones. Em um primeiro momento, os smart glasses serão um “acessório complementar, com potencial para morder ainda mais fundo na cadeia de valor”, diz a companhia.

A perspectiva de que óculos inteligentes podem substituir os smartphones, no entanto, não é nova. Em 2017, durante palestra da conferência F8, promovida pelo Facebook, o pesquisador-chefe da Oculus, Michael Abrash, declarou a expectativa que os wearables devem começar a substituir celulares a partir de 2022.

Categorias

O estudo estabelece sete categorias de óculos inteligentes, de acordo com componentes tecnológicos presentes em cada um deles. A primeira, categoria “A”, representa dispositivos sem saída visual de realidade aumentada nas lentes, mas com áudio de realidade aumentada. Já a última (G) descreve smart glasses com realidade virtual totalmente imersiva.

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O Facebook desenvolve em parceria com a marca de óculos RayBan um projeto de smartglasses denominado Orion. Imagem: Reprodução

O Apple Glass se encaixa na categoria D, que inclui produtos com saída de projeções em realidade aumentada nas lentes, sem capturas visuais por câmera, mas com suporte a sensores de movimento LIDAR.

A empresa ressalta que essas especificações ainda não foram confirmadas pela Apple e têm origem em vazamentos não oficiais de maio de 2020. Entretanto, caso o dispositivo chegue ao mercado com essas características, o Apple Glass deve atender dois parâmetros fundamentais para consumo em massa de óculos inteligentes: privacidade e nível de preço.

Privacidade e discrição

Segundo o relatório, números de vendas apontam uma maior aceitação aos smart glasses que não têm captura de imagens, uma vez que consumidores e terceiros podem ficar incomodados com filmagens constantes do dispositivo. Outro recurso essencial para a massificação dos óculos inteligentes é a discrição.

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Google Glass. Imagem: Reprodução

“Para o mercado consumidor, uma característica que pesa muito para a massificação e aceitação de um wearable é o que os outros acham e sentem quando percebem que você está usando-o”, afirma o relatório. A tendência é a produção de óculos com designs cada vez menos futuristas e discretos.

“O design do Google Glass era talvez demasiadamente futurista para sua época. Além disso, o user experience (UX) de ter que “mirar” 30 graus acima da linha do horizonte, e apenas “ver algo” com seu olho direito não tornava a experiência harmoniosa para quem te observava utilizando o dispositivo.”, pontua o estudo.

Preço e integração com outros dispositivos

O Apple Glass deve custar em torno de US$ 499 (R$ 2.669 em conversão direta) mais o preço de lentes oftalmológicas, conforme vazamentos não oficiais. Embora o produto não apresente recursos tecnológicos tão avançados como outras soluções, o preço pode ser essencial para garantir que exista demanda suficiente no mercado.

“Todos os esforços para trazer uma primeira versão bem simples, que atenda a algumas aplicações básicas, mas que mantenha o nível de preço final ao consumidor num patamar de acessibilidade são fundamentais para que os pedidos atinjam quantidades necessárias para a massificação.”, diz o estudo.

O sucesso dos óculos inteligentes ainda depende da capacidade de fabricantes garantirem a integração desses produtos com outras plataformas. O relatório da Avellar cita um vazamento o qual aponta que o Apple Glass terá processamento de dados no iPhone e não contará com interface de áudio, pois a proposta da empresa é uso combinado do óculos com fones de ouvido sem fio Air Pods.

Além disso, parte dos óculos já disponíveis ou em desenvolvimento no mercado, a exemplo do Vue Smartglass e o North Focals, apresentam integração com interfaces de assistente de voz virtuais, como o Google Assistant e Alexa, da Amazon.