Ficou mais fácil identificar se um alimento está contaminado ou não com a mais nova invenção dos engenheiros do MIT. A descoberta consiste em uma espécie de velcro que possui várias agulhas de seda para perfuração de embalagens de plástico.

Quando a ponta destas agulhas entra em contato com o alimento, é possível ver cores diferentes em sensores que indicam se o conteúdo do recipiente está adequado ou não para o consumo. O resultado da invenção foi publicado nesta quarta-feira (9) na revista Advanced Functional Materials.

O sensor de alimentos funciona como indicador de deterioração e contaminação bacteriana. Depois das agulhas – feitas a partir de uma solução de proteínas comestíveis encontradas em casulos de seda – puxarem o fluido da embalagem, os sensores de identificação começam o serviço. São dois sensores localizados na parte de trás do aparelho, sendo um para cada tipo de detecção (“E” para Escherichia col. e “C” para PH). Se o alimento apresentar alguma alteração, estes sensores exibem cores diferentes.

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Se as cores contidas nas letras atrás dos sensores mudarem, os alimentos estão contaminados. Créditos: José Luis Olivares/MIT/Divulgação

Para o teste de demonstração da eficácia do equipamento, os pesquisadores usaram um filé de peixe cru, onde variaram as aplicações de substâncias com bactérias. No final do experimento, após 16 horas, as duas cores haviam mudado, mostrando que além do alimento estar contaminado, já tinha iniciado sua deterioração.

De acordo com o estudo, o aparelho pode ajudar a evitar surtos por alimentos inadequados para consumo, bem como o desperdício de insumos que, apesar de fora da validade, ainda se encontram em bom estado.

Origem da ideia

A ideia veio da junção de produtos desenvolvidos por dois dos autores do estudo, Benedetto Marelli e John Hart. O primeiro possui um laboratório que aproveita as propriedades da seda para desenvolver novas tecnologias. Recentemente, ele desenvolveu uma espécie de carimbo de microagulha à base de seda, que possui a premissa de penetrar em plantas e fornecer nutrientes para seu pleno crescimento.

“A seda é completamente comestível, não tóxica e pode ser usada como ingrediente alimentar, e é mecanicamente robusta o suficiente para penetrar em um amplo espectro de tecido, como carne, pêssego e alface”, diz Marelli.

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Agulhas usadas no equipamento são feitas de substância encontrada em casulos de seda. Créditos: MIT/Divulgação

Por outro lado, Hart elaborou uma técnica parecida com a flexografia de alta resolução, o que permitiu perceber padrões microscópicos que conseguem habilitar ou não sensores impressos de baixo custo. Diante dos dois produtos e da necessidade da invenção, os engenheiros uniram conhecimento e estratégias.

“Avaliar a saúde dos alimentos apenas medindo sua superfície muitas vezes não é bom o suficiente. Em algum momento, Benedetto mencionou o trabalho de microagulha de seu grupo com plantas, e percebemos que poderíamos combinar nossa experiência para fazer um sensor mais eficaz”, lembrou Hart.

Ainda para que fosse possível finalizar o aparelho, um terceiro autor do estudo, Doyoon Kim, colocou as proteínas de seda em silicone, resultando em agulhas de 1,6 milímetros de comprimento e 600 mícrons de largura – cerca de um terço do diâmetro de um fio de espaguete. Kim ainda precisou incorporar poros em cada uma das agulhas para a absorção da amostra do alimento. Já em relação aos sensores, foi preciso acrescentar anticorpos sensíveis associados aos níveis de bactérias e PH.

A equipe de pesquisadores continua em busca de outros aparatos que refinem ainda mais a invenção. O objetivo é garantir que o equipamento ajude produtores rurais ou até mesmo seja mais uma opção para avaliação dos consumidores frente aos alimentos.

Fonte: Phys Org