Saraiva pede recuperação judicial citando concorrência de Netflix e Spotify

Redação23/11/2018 13h32, atualizada em 23/11/2018 15h00

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A Livraria Saraiva entrou com pedido de recuperação judicial nesta sexta-feira, 23. A rede de varejo brasileira vende livros, eletrônicos, filmes e músicas, e chegou a citar a concorrência de serviços de streaming no pedido feito à Justiça.

Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo (via Exame), a Saraiva possui uma dívida de R$ 675 milhões. A empresa está em crise desde o começo do ano, acumulando desde janeiro um prejuízo líquido de R$ 103 milhões, o dobro do prejuízo de 2017.

A empresa começou um processo de enxugamento recentemente, fechando as portas de 19 pontos de venda, incluindo oito lojas da iTown, revendedora de produtos da Apple. Neste processo, 700 funcionários foram demitidos, mas nada disso foi suficiente.

Além disso, a Saraiva também parou de vender eletrônicos recentemente, voltando o foco a livros. “Neste movimento, a Saraiva diminuirá substancialmente a geração de créditos tributários, uma das principais razões de consumo de caixa nos últimos anos”, argumentou a empresa.

A Saraiva também alega no pedido de recuperação judicial que serviços de streaming, como Netflix e Spotify – citados nominalmente no documento -, afetaram aquela que já foi a segunda maior fonte de receita da varejista: filmes e música.

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Crise no mercado editorial

No mês passado, outra grande rede do setor editorial e de tecnologia e mídia, a Livraria Cultura, também entrou com pedido de recuperação judicial. Só de dívidas bancárias, a empresa teria acumulado R$ 70 milhões, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

A Cultura recebeu R$ 130 milhões para assumir os negócios da francesa Fnac no Brasil, outra rede de vendas de livros e eletrônicos, em 2017. Com o dinheiro, a empresa comprou o site de livros usados Estante Virtual, no mesmo ano. Recentemente, ela fechou todas as lojas da Fnac no país.

Cultura e Saraiva culpam a crise do mercado editorial pelo mau momento. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) afirma que o setor encolheu 21% e perdeu R$ 1,4 bilhão do seu faturamento real só nos últimos 12 meses, segundo o Publishnews.

Porém, o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, num estudo realizado com a Nielsen, afirma que o mercado vem se recuperando nos últimos meses e cresceu acima da inflação desde fevereiro de 2017. O que não trouxe boa sorte para Saraiva e Cultura, pelo visto.

Amazon cresce

Em meio a isso tudo, quem cresce é a Amazon. A gigante do e-commerce dos Estados Unidos desembarcou no Brasil em 2012, começando com e-books e depois partindo para livros físicos, quadrinhos e alguns eletrônicos próprios (como o Fire TV Stick e o Kindle) – terreno de Saraiva e Cultura.

Desde 2017, a Amazon vende outros tipos de produtos como intermediária, conectando clientes às lojas vendedoras através do modelo de marketplace. A matriz da empresa, que passou a valer US$ 1 trilhão em setembro, investiu R$ 112 milhões na filial brasileira no ano passado, e, em abril, investiu mais R$ 97,5 milhões.

Há informações de que a Amazon negociou com uma companhia aérea para vender e entregar eletrônicos por conta própria no Brasil, além de ter estudado a compra de um novo depósito, maior que o atual, em São Paulo. A crise editorial parece não afetar a Amazon com o mesmo vigor que afeta Cultura e Saraiva.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital