Até 1,2 milhão de habitantes da cidade de São Paulo podem ter sido contaminados pelo novo coronavírus, de acordo com pesquisa feita pela prefeitura da capital paulista. A estimativa é o resultado preliminar de um mapeamento sorológico com intuito de monitorar a quantidade de pessoas que já tiveram contato com o vírus no município.
Iniciado no dia 10 de junho, o estudo envolveu 5416 exames realizados com moradores de 96 distritos, todos acima dos 18 anos e selecionados por sorteio. Como informa o G1, novas edições da pesquisa serão promovidas a cada 15 dias. A Prefeitura de São Paulo deve divulgar mais detalhes na tarde desta terça-feira (23).
Os números apresentados são cerca de dez vezes maiores do que a quantidade de casos do novo coronavírus oficialmente registrados na cidade. De acordo com boletim diário publicado pela Secretaria Municipal de Saúde na segunda-feira (22), a capital paulista contabiliza 118 mil e mais de 6,4 mil óbitos confirmados da doença. A pasta ainda classifica outras 246 mil contaminações e cerca de 5 mil mortes como ocorrência suspeitas.
Como parte do programa de reabertura econômica do Governo do Estado, em 10 de junho, a Cidade de São Paulo reabriu shoppings e o comércio de rua mediante restrições. Imagem: Getty Images
Exames Sorológicos
O exame sorológico, ou teste rápido, analisa a presença dos anticorpos específicos IgM e IgG em amostras de sangue. Ele é apropriado para detectar o contato passado de pacientes com a doença, uma vez que o organismo humano demora alguns dias para manifestar respostas imunológicas contra o vírus.
O procedimento, por outro lado, é pouco preciso para a diagnosticar a Covid-19. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que o exame configura um recurso importante para pesquisas e monitoramento da epidemia, mas não deve ser utilizado para confirmar e nem descartar uma infecção de coronavírus.
Quando o teste sorológico aponta a ausência do IgM e IgG, há a possibilidade de o paciente não ter contraído o agente causador da Covid-19. No entanto, é possível que ele esteja infectado e o corpo ainda não tenha promovido a resposta imune. Já se o paciente apresentar IgM positivo e IgG negativo, o exame indica que houve contato recente com o coronavírus, mas não ainda cabe afirmar que essa pessoa deixou de transmitir a doença.
Testes rápidos retiram pequenas amostras de sangue dos dedos de pacientes. Imagem: Reprodução
Resultados positivos para os dois anticorpos apontam a ocorrência de infecção recente e que anticorpos ainda estão na fase de produção de memória imunológica. Ainda assim, o resultado não descarta que o paciente pode transmitir a infecção. Já se a análise resultar em IgM negativo e IgG positivo significa que o paciente contraiu o novo coronavírus no passado e provavelmente está imune. Somente neste caso, é viável afirmar que não há mais possibilidade de transmissão da doença.
Vale lembrar que a capacidade do corpo apresentar imunidade definitiva contra a Covid-19 ainda é estudada por cientistas.
Para diagnosticar a doença, o teste de referência corresponde ao RT-PCR. Diferente dos exames sorológicos, esse procedimento estuda amostras de secreções de vias respiratórias e demanda o processamento em laboratório.
Covid-19 no Brasil
De acordo com informações do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), até esta segunda-feira (22), o Brasil contabilizava mais de 1,1 milhão de casos e 51,2 mil mortes confirmadas de Covid-19. O país apresenta a segunda maior quantidade de contaminações no mundo, atrás somente dos Estados Unidos.
São Paulo segue como o estado com o maior número de ocorrência registradas: são 221 mil casos e 12.631 mortes, segundo o Conass. Após registrar a primeira queda no número de casos notificados semanais no período entre 7 e 13 de junho, com 32.326 contaminações, o estado contabilizou um aumento de quase 10 mil casos na semana passada, totalizando 42.918 registros entre 14 e 20 de junho. É importante lembrar, no entanto, que os dados refletem o número de casos notificados no período analisado, e não necessariamente que eles ocorreram nestas datas.
Fonte: G1