Programador cria sistema operacional para um mundo ‘pós-apocalíptico’

Ideia é usar o Collapse OS para reprogramar equipamento encontrado depois de uma catástrofe e 'rebootar' nossa sociedade tecnológica
Rafael Rigues10/10/2019 19h32

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O programador canadense Virgil Dupras está preocupado com o futuro: ele acredita na possibilidade de um ‘colapso tecnológico’, causado por uma guerra, desastre natural ou outra catástrofe, que poderia nos levar de volta para um nível tecnológico pré-industrial. E sem computadores à disposição, como poderíamos consertar, ou construir, outros computadores?

Por isso ele está desenvolvendo um sistema operacional chamado Collapse OS, projetado para funcionar com recursos mínimos e que poderia ser usado para ‘rebootar’ nossa base tecnológica. O objetivo é construir algo leve, rápido e funcional, que possa ser usado com componentes encontrados em lixões, depósitos e ruínas para reprogramar outros computadores ou microcontroladores eventualmente encontrados nos escombros de nossa sociedade. Assim, seria possível reaproveitar equipamentos industriais e domésticos, seja em suas funções originais ou em novas tarefas.

Por isso o Collapse OS está sendo desenvolvido para o processador Z80, um chip de 8 Bits que é um dos processadores mais populares da história. Lançado em 1976, este chip já foi usado em computadores (Spectrum, MSX), videogames (Master System, Game Gear, Game Boy, Mega Drive, Neo-Geo) e, em suas muitas variantes, em caixas registradoras, máquinas CNC, controle de elevadores, equipamentos industriais e muito mais.

Ou seja, são grandes as chances de que alguém no futuro encontre alguma máquina com um destes processadores e possa construir um computador rudimentar usando ele. O sistema foi projetado para se comunicar com o usuário através de “interfaces improvisadas”, como portas seriais, teclados e displays em modo texto.

Com o Collapse OS uma pessoa poderia editar, escrever e compilar código-fonte para uma variedade de microcontroladores, editar arquivos texto e ler e escrever dados em dispositivos de armazenamento. Ou seja, o mínimo necessário para manipular dados ou reprogramar um hardware para uma nova função.

Atualmente o Collapse OS pode rodar em máquinas como o RC2014 (um computador modular que pode ser construído apenas com experiência básica em eletrônica), um Master System ou um Mega Drive, e é capaz de se auto-replicar (compilar seu próprio código fonte), ler cartões SD, tem um editor de textos básico e um interpretador de comando que permite ler, escrever e analisar o conteúdo de posições de memória.

O código-fonte do Collapse OS está disponível no GitHub sob a licença GPL V3. Mais informações estão disponíveis no site do projeto.

Fonte: Vice

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital