Além das preocupações com a pandemia de Covid-19, a população da Etiópia vive atualmente um outro tipo de confinamento: a maior parte do país está sem acesso à internet, devido a um bloqueio imposto pelo governo que está entrando em sua terceira semana.

Segundo a NetBlocks, ONG que monitora a liberdade de acesso à internet, o acesso à rede na Etiópia está atualmente em 16% dos níveis normais. O acesso por órgãos diplomáticos foi retomado, mas a maior parte da população de 110 milhões de habitantes está offline.

“O bloqueio constitui uma das mais severas violações dos direitos básicos, em um momento em que os etíopes mais precisam se manter informados”, disse a ONG, que calculou que o prejuízo á economia local causado pelo bloqueio chega a mais de US$ 4 milhões (R$ 21,7 milhões) por dia

O bloqueio foi imposto pelo governo, após protestos populares contra a morte do cantor Hachalu Hundessa, que foi assassinado em 29 de junho. Hundessa era também um ativista político e uma das principais vozes em um movimento popular que forçou a troca do governo do país em 2018.

O governo afirma que o bloqueio é para “impedir a disseminação de um discurso que poderá inflamar ainda mais tensões étnicas”. Segundo dados oficiais 239 pessoas morreram nos protestos, e 5.000 ficaram feridas.

O bloqueio afeta o combate à Covid-19 na África, já que a capital etíope, Adis Abeba, é sede do Centro Africano para Controle de Doenças, bem como de vários outros órgãos da União Africana, que engloba 55 países no continente.

Fonte: TechXplore