Na contramão do home office, Amazon amplia escritórios nos EUA

Investindo em novos escritórios em Nova York, Phoenix, San Diego, Denver, Detroit e Dallas, a empresa espera oferecer mais de 3,5 mil novos postos presenciais nos próximos dois anos
Renato Mota19/08/2020 18h55

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Em maio, Mark Zuckerberg declarou que espera que metade dos funcionários do Facebook esteja trabalhando de casa de maneira permanente “nos próximos cinco a dez anos”. Três meses depois, a empresa anunciou que, por causa da pandemia da Covid-19, vai permitir que seus funcionários continuem em home office até julho de 2021, assim como o Google. A Microsoft também afirmou que só espera abrir seus escritórios totalmente no ano que vem. Os colaboradores do Twitter podem trabalhar de casa indefinidamente.

A Amazon, porém, está adotando uma estratégia diametralmente oposta. A companhia está expandindo seus escritórios físicos em seis grandes cidades dos Estados Unidos, abrindo 3,5 mil postos de trabalho presenciais nos próximos dois anos, em funções de engenharia e gerenciamento de produtos, bem como em departamentos que cobrem a Amazon Web Services, a equipe da assistente virtual Alexa, publicidade e Amazon Fresh. Todas as vagas são novas.

O movimento de expansão física das operações da Amazon contrasta com o comportamento das suas rivais no setor de Tecnologia, que ao implementar o trabalho remoto por causa da pandemia acabaram ficando surpresos com a rapidez com que sua força de trabalho se adaptou a circunstâncias, e viram que o home office não era um obstáculo para a produtividade. Pelo contrário, investindo pesado em escritórios em Nova York, Phoenix, San Diego, Denver, Detroit e Dallas, a empresa demonstra que não vê o trabalho remoto durando para sempre.

“A capacidade de se conectar com as pessoas, a capacidade de as equipes trabalharem juntas com uma finalidade em mente – você pode fazer isso virtualmente, mas não é tão espontâneo”, avalia Ardine Williams, vice-presidente de desenvolvimento da força de trabalho da Amazon, em entrevista ao Wall Street Journal. “Estamos ansiosos para voltar ao escritório”, completa.

Só em Manhattan, a empresa investiu mais de US$ 1 bilhão na compra e reforma de um edifício histórico que já abrigou a loja de departamentos Lord & Taylor, e pertencia a empresa de compartilhamento de trabalho WeWork. Esse prédio, com previsão de reinauguração em 2023, pode abrigar mais de quatro mil funcionários, e está localizado próximo a outros escritórios corporativos da Amazon. Ao todo, a empresa possui mais de cinco mil empregados na cidade de Nova York.

Mais uma vez: uma estratégia oposta à dos concorrentes. O Facebook recentemente concordou em alugar todo o espaço de seu escritório de 67 mil metros quadrados no histórico edifício James A. Farley, em Midtown Manhattan.

De acordo com a Amazon, essa expansão não tem a ver com incentivos financeiros de governos locais ou estaduais. Cerca de US$ 3 bilhões em abatimentos em impostos e incentivos já foram anteriormente oferecidos à empresa por um projeto em Nova York, que acabou sendo abandonado após a reação negativa de funcionários locais, estaduais, do Congresso e de ativistas.

Localizações urbanas “continuam sendo essenciais para a estrutura da empresa”, segundo Williams, “e fornecem os talentos necessários que esperamos que permaneçam robustos”. Para a executiva da Amazon, escritórios caros em cidades grandes atraem os perfis profissionais que a empresa deseja. “Continuamos comprometidos com a integração nas comunidades em que estamos e o ambiente urbano nos oferece essa oportunidade”, afirma.

Por mais que as empresas façam seus planos, ainda é difícil prever quando e como os funcionários retornarão aos escritórios. Mas a Amazon vem oferecendo flexibilidade a seus funcionários. Atualmente, a empresa está permitindo o trabalho remoto até 8 de janeiro de 2021. “Algumas posições, como o de suporte ao cliente, são historicamente remotas”, explica Williams.

Via: Wall Street Journal

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital