A tecnologia de reconhecimento facial tem se tornado bastante popular. Devido a sua evolução, já é possível desbloquear o smartphone usando o método, e até realizar pagamentos em lojas apenas usando o rosto. Mesmo com a adoção do método sendo cada vez mais frequente, algumas pessoas acreditam que ela pode representar um perigo para as pessoas.
Tom Morello, ex-membro do Rage Against The Machine, e a banda Speedy Ortiz se juntaram à campanha do grupo de direitos digitais Flight for the Future, que tem como objetivo impedir que empresas usem o sistema de reconhecimento facial como uma alternativa para o uso de ingressos para eventos.
Eles argumentam que essa tecnologia pode ser usada para atingir diretamente os fãs de música. Em um tuíte, Tom Morello disse: “Eu não quero um Big Brother nos meus shows alvejando fãs por assédio, deportação ou prisão. É por isso que estou participando desta campanha pedindo ao @Ticketmaster e outros que não usem #reconhecimentofacial em festivais e shows”.
I don’t want Big Brother at my shows targeting fans for harassment, deportation, or arrest. That’s why I’m joining this campaign calling on @Ticketmaster and others not to use #facialrecognition at festivals and concerts. https://t.co/i3a9oPIa5C
— Tom Morello (@tmorello) September 9, 2019
O grupo Flight for the Future acrescentou: “Os fãs de música devem se sentir seguros e respeitados em festivais e shows, não sujeitos a vigilância biométrica invasiva. O reconhecimento facial é uma forma de vigilância excepcionalmente perigosa. Permite o monitoramento onipresente de toda uma multidão e pode ser facilmente usado para identificar fãs com posse de drogas, com alguma pendência de imigração ou com mandados de prisão.”
Music fans should feel safe and respected at festivals and shows, not subjected to invasive biometric surveillance. Today we’re launching a new campaign mobilizing artists, fans, and promoters to oppose the use of #facialrecognition at live music events. https://t.co/5g6X59zf4K pic.twitter.com/CPmjSAQUrS
— Fight for the Future (@fightfortheftr) September 9, 2019
O alvo principal da campanha é a empresa Live Nation, promotora de eventos, que anunciou em maio de 2018 que, para os fãs não usarem ingressos, estava se unindo à Blink Identity, que usa tecnologia para escanear o rosto das pessoas na entrada dos locais de concerto.
O uso de reconhecimento facial
Embora a adoção desse sistema indique a redução de filas, houve alguns problemas envolvendo o uso dessa tecnologia no passado. Durante um show da cantora Taylor Swift em 2018, o sistema foi utilizado para identificar perseguidores – os famosos stalkers. Na China, um homem foi preso por crimes financeiros durante um show de um popular astro do país.
No Brasil, durante o carnaval deste ano, um sistema de reconhecimento facial composto por 28 câmeras foi instalado nas ruas de Copacabana, no Rio de Janeiro. A tecnologia foi responsável por identificar quatro criminosos que estavam com mandados de prisão em aberto.
Entretanto, usando o mesmo sistema no Rio, uma mulher foi identificada e presa por engano após o sistema de reconhecimento facial, que usa inteligência artificial, identificá-la como sendo uma criminosa condenada em junho a sete anos de prisão por homicídio e ocultação de cadáver.
Proibições
Atualmente, nos Estados Unidos, três cidades possuem leis que impedem o uso de reconhecimento facial em seu território. Oakland, que foi a última cidade a votar pela lei, se une a São Francisco, na Califórnia, e Somerville, Massachusetts, que aprovaram medidas semelhantes no início deste ano.
Mesmo com as recentes proibições em cidades dos EUA, a legislação federal tem evitado tratar a questão. Em julho deste ano, a Câmara dos Deputados dos EUA realizou uma audiência para tratar sobre questões de segurança que envolvem o reconhecimento facial, mas não houve um acordo sobre sua regulamentação.
Via: BBC