Microsoft revela um dos supercomputadores mais poderosos do planeta

Máquina virtual funciona na plataforma de nuvem da empresa, a Azure, e será usada para alavancar a tecnologia de inteligência artificial
Renato Santino13/05/2020 21h43, atualizada em 19/05/2020 15h00

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A Microsoft decidiu entrar de vez no mundo dos supercomputadores. A empresa aproveitou a Build 2020, realizada virtualmente neste ano em decorrência da pandemia do coronavírus, para anunciar a criação de uma das cinco máquinas mais poderosas do planeta, de acordo com o ranking da Top 500, atualizado duas vezes por ano com os supercomputadores mais potentes.

O projeto é uma evolução de uma parceria anunciada em 2019 com a OpenAI, organização sem fins lucrativos criada com o objetivo de promover um uso seguro e ético de inteligência artificial. O computador foi desenvolvido para alavancar projetos de IA e será usado exclusivamente pela empresa, segundo a Microsoft.

O supercomputador da OpenAI é diferente dos outros que compõem o Top 500, porque ele não é uma máquina física. Ele reside na plataforma de nuvem da Microsoft, a Azure. O sistema conta com mais de 285 mil núcleos de processadores com mais 10 mil unidades de processamento gráfico, com 400 gigabits por segundo para cada servidor de GPU. A Microsoft não crava um número de petaflops para detalhar a capacidade do sistema, mas considerando que o quinto supercomputador mais poderoso do planeta é o Frontera, na Universidade do Texas, nos EUA, capaz de 23,516 petaflops, é seguro estimar que a empresa espere alcançar potências superiores a isso. Isso significaria mais de 23 quadrilhões de cálculos por segundo.

O supercomputador “dos sonhos”, como define a OpenAI, como você já deve esperar, será dedicado a projetos de inteligência artificial. Na visão da Microsoft, a tecnologia abre portas para ideias inovadoras, habilitando centenas de avanços em áreas como processamento de linguagem natural (reconhecimento e compreensão de fala e texto, por exemplo) ou visão computacional, tornando as máquinas mais capazes de interpretar imagens e reconhecer o ambiente ao seu redor. “Quando você começa a ver a combinação desses domínios perceptivos, você tem novas aplicações que até são difíceis de imaginar neste momento”, diz Kevin Scott, diretor de tecnologia na companhia.

O supercomputador é o primeiro passo em um plano mais amplo, que habilitar modelos de inteligência artificiais mais amplos e capazes, que devem ser disponibilizados também para outras organizações no futuro.

O projeto visa mudar a forma como sistemas de aprendizado de máquina operam. Até hoje, como explica a Microsoft, a maior parte dos sistemas do tipo são feitos de uma forma pouco eficiente: vários exemplos são etiquetados (muitas vezes manualmente) de uma forma que a máquina consiga entendê-los, e essa base de dados é usada de forma restrita para realizar uma tarefa específica. Isso pode ser, por exemplo, a tradução de uma frase de um idioma para outro, interpretação de pontos importantes em um texto, reconhecimento de voz ou identificação de um objeto pela câmera de um celular.

No entanto, alguns pesquisadores de inteligência artificial defendem que algumas tarefas podem ser realizadas de uma forma mais eficiente com um sistema gigantesco de IA para várias funções. Um dos exemplos mencionados pela Microsoft prevê o treinamento do algoritmo permitindo que a máquina acesse e leia bilhões de textos disponíveis publicamente na web. A partir daí, a inteligência artificial seria capaz de realizar várias funções ligadas à linguagem, e não apenas uma: corrigir gramática, resumir textos, moderar conteúdo ofensivo em chats, vasculhar documentos legais para encontrar trechos relevantes para um processo e até mesmo programar, depois de analisar bases de código em repositórios como o GitHub.

Essas aplicações, no entanto, dependem de ampla infraestrutura computacional, o que explicam o investimento da Microsoft na criação do supercomputador. A empresa já tem desenvolvido modelos de IA que seguem essa proposta, chamados de Microsoft Turing, utilizados na análise de linguagem. Eles são aplicados nos produtos da companhia, como o Office, e também já foram disponibilizados para pesquisadores para geração de linguagem natural.

Mais sobre a Build 2020:

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital