Conheça os 3 supercomputadores brasileiros entre os mais potentes do mundo

Máquinas no Rio de Janeiro e na Bahia auxiliam pesquisas científicas e a exploração de óleo e gás
Renato Santino14/02/2020 23h27, atualizada em 14/02/2020 23h30

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Supercomputadores são ferramentas indispensáveis para a pesquisa científica. Eles sãocapazes de fazer cálculos avançadíssimos, que servem de base para tarefas pesadas de áreas como meteorologia, geologia, medicina e até mesmo militar. E o Brasil possui três computadores do tipo entre os 500 mais poderosos do planeta, todos eles montados pela Atos.

O mais poderoso entre eles é o Santos Dumont, utilizado pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), no estado do Rio de Janeiro, e que chegou a sair do ranking em 2017 após um período de corte de investimentos. No entanto, a máquina foi renovada nos últimos anos e voltou a ocupar uma posição de destaque entre os supercomputadores mais potentes do mundo. Graças à atualização, a máquina viu seu desempenho aumentar em 360%, alcançando a marca dos 5,1 petaflops (equivalente a 5,1 quatrilhões de cálculos por segundo).

O computador foi inaugurado no final de 2015. Na ocasião, a expectativa era de que ele pudesse ter impacto em segmentos como o de extração de gás e petróleo, nanotecnologia, aeronáutica, segurança cibernética e serviços de análise de riscos. Atualmente ele está envolvido em nada menos do que 150 projetos, sendo utilizado em pesquisas sobre o vírus da zika e o HIV, por exemplo.

O aumento de suas capacidades não foi barato. O Santos Dumont recebeu um investimento de R$ 63 milhões, fruto do dinheiro da extração do pré-sal, sendo a Petrobras a líder do Consórcio de Libra, responsável por gerenciar as operações do supercomputador.

No ranking mais recente dos supercomputadores mais potentes do mundo, o Santos Dumont ocupa a posição de número 193. Antes da reforma, a última vez que ele havia aparecido foi no primeiro semestre de 2017, com um desempenho máximo de 456,8 teraflops na posição 472. Hoje, no entanto, ele figura no ranking com um desempenho aferido de 1.849 teraflops. Os números são resultado de uma configuração de peso: o computador tem nada menos do que 35.328 gigabytes de memória RAM, contando com mais de 33 mil núcleos de processamento, utilizando processador Intel Xeon Gold 6252 24C de 2,1 GHz.

O segundo computador brasileiro a aparecer no ranking é o Fênix, que fica bem próximo do Santos Dumont no ranking da Top 500, aparecendo na 195ª colocação. O supercomputador pertence à Petrobras e iniciou sua operação em 2019 com o objetivo de ampliar a capacidade de processamento geofísico da estatal, aplicando algoritmos complexos para gerar imagens do subsolo das bacias sedimentares, de onde são extraídos o óleo e o gás. Isso vale tanto para a superfície terrestre quanto para a marinha, permitindo identificar acumulações de petróleo.

Reprodução

O Fênix também está localizado em Vargem Grande, no estado do Rio de Janeiro, e não faz feio em especificações. Ele conta com 55.296 GB de memória RAM e conta com 48.384 núcleos de processamento, utilizando processadores Xeon Gold 5122 4C de 3,6 GHz, com uma capacidade aferida de 1.836 teraflops.

Um pouco atrás dos outros dois computadores está o Ogbon, na 347ª colocação do Top 500, que também foi inaugurado em 2019. A máquina está instalada na cidade de Salvador, na Bahia, mais especificamente no Centro de Supercomputação do Senai Cimatec, e recebeu esse nome como uma referência à palavra “sabedoria” no idioma iorubá.

Assim como os outros dois, o Ogbon tem grande envolvimento da Petrobras, que participou dos investimentos de R$ 30 milhões para tirar o projeto do papel. Não à toa, o Ogbon também é dedicado à pesquisa na área de geologia e geofísica e outros setores estratégicos ligados à extração de óleo e gás.

O Ogbon conta com 29.952 GB de memória RAM e 27.768 núcleos de processamento, também utilizando processadores Intel Xeon Gold 6240 18C com clock de 2,6 GHz e GPUs Nvidia V100 NVLink. No ranking do Top-500, ele aparece com um desempenho na casa dos 1.605 teraflops.

Reprodução

Os mais poderosos

Apesar dos três computadores no Top 500, o Brasil ainda está longe do topo do ranking, que é dominado basicamente todo por supercomputadores americanos e chineses, que iniciaram nos últimos anos uma corrida digital para ter os computadores mais poderosos do planeta.

Confira os 10 computadores mais potentes do mundo:

Posição

Sistema

 

Desempenho (TFlops)

1

Summit (EUA)

148.600

2

Sierra (EUA)

94.640

3

Sunway TaihuLight (China)

93.014

4

Tianhe-2A (China)

61.444

5

Frontera (EUA)

23.516,4

6

Piz Daint (Suíça)

21.230

7

Trinity (EUA)

20.158,7

8

AI Bridging Cloud Infrastructure (ABCI) (Japão)

19.880

9

SuperMUC-NG (Alemanha)

19.476,6

10

Lassen (EUA)

18.200

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital