Em cerca de cinco horas, cientistas do Scott Polar Research Institute, da Universidade de Cambrigde, relataram terem visto dois terços (cerca de cinco milhões de litros d’água) de um lago na geleira Stole da Groelândia ser esvaziado entre as calotas polares. Apesar de incomum, o fenômeno tem uma explicação plausível e é relacionado com o movimento das geleiras.
O evento foi visto pela primeira vez em julho do ano passado, no Oeste da Ilha, pelo mesmo grupo de glaciologistas que estudam o evento esse ano. Para acompanhar os vazamentos d’água, os cientistas utilizaram drones para monitorar e fotografar a situação do lago antes e após a infiltração. “O drone é que nos permite fazer observações de alta qualidade em zonas que não são seguras para os cientistas”, disse Tom Chudley, doutorando e piloto remoto do drone, à AFP.
Apesar de estar em uma localidade glacial, existem alguns lugares na Groelândia onde é possível encontrar água líquida o suficiente para formar um lago. Isso acontece porque as superfícies são cobertas por uma camada de gelo de até 1 quilômetro de espessura que, durante o verão, derrete.
Assim como são formados rapidamente, eles também podem sumir em uma velocidade avassaladora. A razão para isso está nas fendas encontradas no assoalho de gelo ao fundo do lago nas quais, de tempos em tempos, são atingidas pela pressão vinda das águas. Neste movimento, as lacunas se expandem e abrem imensos buracos que vão até a base da calota polar. Em alguns casos, isso pode chegar até um quilômetro de profundidade.
O estudo foi publicado no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) nesta segunda-feira (02) e mostra com precisão a formação das imensas fendas nas geleiras. Estas, por sua vez, tornam-se “autopistas” para que a água corra da superfície até o leito da calota polar e aceleram o movimento das geleiras.
No caso da Geleira Store, indícios apontam que ela avança 600 metros todos os anos e que o desaparecimento dos lagos ajuda o movimento. A cada ano, a velocidade de expansão aumenta e estima-se que o avanço passou de dois metros a cinco metros por dia. Com o aquecimento global, a tendência é que, cada vez mais, o nível dos oceanos aumente devido ao movimento das geleiras.
Via: UOL