Pequena Era Glacial pode ter começado com erupção vulcânica

Fenômeno ocorreu no século VI, quando o vulcão Ilopango, em El Salvador, entrou em atividade
Roseli Andrion26/08/2019 22h36, atualizada em 26/08/2019 22h50

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Foi entre 530 e 540 que o vulcão Ilopango, em El Salvador, entrou em erupção. As consequências do fenômeno foram tão intensas que deram início à Pequena Era Glacial — que esfriou anormalmente o planeta e mudou a vida dos indígenas locais e do resto do mundo.

Cientistas estimam que o vulcão expeliu cerca de 430 quilômetros cúbicos de rocha densa. Dados recentes indicam que a erupção deu origem à neblina preta que tapou o Sol e causou múltiplas mortes até 536. Anteriormente, pensava-se que essa nuvem era composta de restos de um asteroide ou de um cometa.

Hoje, o Ilopango não está mais ativo, mas sua erupção foi considerada à época uma situação apocalíptica. Segundo estimativas, entre 40 mil e 80 mil pessoas morreram sufocadas pelo gás emanado pela erupção e pelas pedras arremessadas pelo vulcão.

Acredita-se que as cinzas encobriram o Sol e transformaram o dia em noite. É possível que, no total, entre 100 mil e 400 mil indivíduos tenham sido afetados. As casas podem ter sido destruídas e pode ter havido escassez de comida e água — já que tudo ficou coberto de cinzas.

Os que não morreram imediatamente ou pela falta de provisões, provavelmente ficaram doentes ou foram obrigados a fugir para outras regiões (como o norte da atual Guatemala). Isso mudou completamente os assentamentos dos maias e o futuro daquele povo — causou até uma interrupção na criação de construções de pedra, que não foi explicada até os dias atuais.

Outras consequências

Estudos indicam que até gelo da Groenlândia e da Antártida contêm vestígios da erupção. Núcleos de gelo dessas regiões foram analisados e mostram que, nos anos 536, 539 e 540, houve picos de sulfato — que é subproduto de grandes erupções — nesse material.

Para os geólogos, houve duas erupções: em 536, nos territórios em que hoje se encontram o Alasca ou a Islândia, e em 539 ou 540, nos trópicos — eles não sabiam, entretanto, qual era esse vulcão. Para identificá-lo, os especialistas analisaram pedaços de três troncos de árvore da época que estavam encravados na cinza vulcânica existente na região.

Análises de Carbono 14 permitiram determinar que as plantas foram encobertas pela lava entre 500 e 545. A única erupção cujos dados coincidem com as análises é justamente a que ocorreu em 539 ou 540 — ou seja, a do Ilopango.

A pluma vulcânica criada pelo fenômeno chegou a quase 50Km na atmosfera. Com isso, o céu ficou encoberto e os raios ultravioleta vindos do Sol não entravam no planeta. Como resultado, houve o esfriamento do planeta.

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital