A computação quântica já atrai a atenção das principais empresas de tecnologia do mundo por sua capacidade de resolver problemas matemáticos complexos que levariam milhares de anos para serem solucionados pela computação convencional. Google, IBM, Amazon e Microsoft são apenas alguns exemplos de companhias que já apostam nesta engenharia, conforme reportado anteriormente pelo Olhar Digital.
Em artigo para o The Conversation, o cientista da computação Harun Siljak revelou o desenvolvimento de um novo algoritmo que, por meio da internet quântica, é capaz de aprimorar a privacidade em transações financeiras online, bem como fortalecer a segurança de fundos de investimento. O código é resultado de um Hackathon – uma espécie de maratona que desafia programadores a elaborar novas soluções.
O algoritmo, no entanto, está longe de ser usado na prática. Isso porque o desenvolvimento da internet quântica ainda é incipiente. Essa tecnologia depende de um fenômeno chamado “entrelaçamento quântico”. Trata-se de uma conexão entre partículas que faz com que mudanças em uma delas imediatamente influenciem o estado da outra.
Para que isso ocorra a computação quântica se apoia em qubits, elementos correspondentes aos bits e bytes da computação tradicional. A diferença é que, na segunda, um bit obrigatoriamente assume um número do código binário 0 ou 1. Já no universo quântico, os qubits podem representar as duas possibilidades simultaneamente.
Como funciona?
Com o objetivo de retratar todo esse processo um tanto complexo, Siljak faz a seguinte analogia: se dois qubits entrelaçados estão geograficamente separados, um localizado em Dublin e outro em Nova York, a interpretação de ambos poderia levar a um mesmo resultado. Segundo ele, isso possibilitaria duas organizações distantes se comunicarem sem a possibilidade de uma terceira parte ter acesso a essas informações.
O problema é que, atualmente, o alcance máximo de entrelaçamento quântico entre partículas dos computadores existente ainda é insuficiente.
Além disso, há outra dúvida importante sobre esse processo: como profissionais do mercado não tão familiarizados com o universo quântico poderiam usar essa nova internet? De acordo com o artigo, o fato do algoritmo ser desenvolvido em um Hackathon já prova que mesmo entusiastas sem tanto conhecimento em física quântica podem criar elementos importantes para a construção da internet quântica.
Não seria necessário, também, que todos os dispositivos na internet quântica fossem totalmente baseados nesta mesma natureza, mas apenas a presença de um qubit em cada computador.
Segundo Siljak, assim que um grande computador quântico for definitivamente concluído, ele poderá ser ligado à internet quântica e acessado em uma nuvem, com todas as garantias de uma nova criptografia que promete revolucionar a segurança digital.
“Na corrida constante entre criadores de códigos e decifradores de criptografia, a Internet quântica não apenas impede que os decifradores assumam a liderança. Ela vai nos direcionar para outro mundo”, diz o artigo.
Fonte: The Conversation